Por Scott Malone e Tim (SA:TIMP3) Baysinger
(Reuters) - A Pepsi tirou do ar na quarta-feira um comercial com a modelo Kendall Jenner depois que a propaganda provocou revolta e foi criticada por pessoas que disseram que o comercial banalizava protestos por direitos nos Estados Unidos.
A propaganda, lançada na noite de terça-feira, mostra a celebridade em um ensaio fotográfico quando percebe um protesto passando por sua locação. Ela, então, se junta à multidão e oferece uma lata de Pepsi a um policial, fazendo com que ele sorria enquanto os manifestantes comemoram e se abraçam.
"A Pepsi estava tentando projetar uma mensagem global de união, paz e compreensão", disse a companhia em comunicado. "Claramente nós falhamos, e nós pedimos desculpas. Não foi nossa intenção banalizar um assunto tão sério. Nós vamos remover o conteúdo e impedir qualquer outra utilização."
A Pepsi também pediu desculpas à Kendall Jenner. Representantes de Jenner não retornaram contato para comentar.
O comercial foi alvo de críticas no Twitter, com alguns usuários afirmando que o vídeo subestima os protestos contra violência policial que aconteceram nos últimos anos em cidades como Ferguson, Missouri e Baltimore após mortes de mulheres e homens negros desarmados por parte de policiais.
A Pepsi disse que a propaganda foi desenvolvida por sua equipe de criação interna.
Charlie Hopper, diretor e escritor na agência de publicidade Young & Laramore, disse que esse tipo de rejeição é um risco que as marcas correm quando não têm perspectiva externa.
"Esse é um bom exemplo do que acontece quando você não tem a opinião objetiva de uma relação clássica de agência que diz: 'Nós precisamos te salvar de seus piores impulsos", disse Hopper.
Espectadores condenaram rapidamente o comercial, que não deixou claro contra o que os manifestantes estavam protestando.
"Se eu tivesse levado uma Pepsi acho que nunca teria sido preso. Quem poderia saber?", disse DeRay McKesson, uma das principais vozes do movimento Black Lives Matter, no Twitter. "Pepsi, essa propaganda é um lixo".
Bernice King, filha do líder de direitos civis Martin Luther King Jr., cujo assassinato aconteceu exatamente 49 anos antes do dia em que a propaganda da Pepsi foi lançada, tuitou uma foto de seu pai protestando enquanto um policial agarra seu peito, com a legenda: "Se ao menos papai soubesse do poder da #Pepsi".
(Reportagem de Scott Malone, Tim Baysinger e Anya George Tharakan; Reportagem adicional de Angela Moon)