PEQUIM (Reuters) - O Ministério das Relações Exteriores da China classificou o Dalai Lama como um "ator enganoso" nesta terça-feira depois que o líder espiritual tibetano exilado disse em uma entrevista que alguns chineses linha-dura têm partes do cérebro faltando.
Falando ao comediante norte-americano John Oliver em Dharamsala, cidade do norte da Índia que sedia o governo tibetano no exílio, o Dalai Lama lançou dúvidas sobre sua reencarnação dizendo que pode ser o último de sua linhagem.
A porta-voz da chancelaria chinesa, Geng Shuang, ressaltou que a entrevista foi exibida em um programa de entretenimento.
"Os comentários do Dalai Lama na entrevista talvez pareçam bem-humorados e engraçados, mas estas palavras são todas mentiras que não estão de acordo com os fatos", disse Geng.
"Dizemos com frequência que o 14º Dalai Lama é um exilado político que usa uma vestimenta religiosa para se engajar em atividades separatistas anti-China", acrescentou.
"Agora parece que ele é um ator, que é muito bom de atuação, e muito enganosamente".
A China vê o vencedor do Prêmio Nobel da Paz como um separatista perigoso. O Dalai Lama, que se exilou na Índia depois de uma revolta fracassada contra o mando chinês em 1959, nega advogar o uso da violência e diz que só quer uma autonomia genuína para o Tibete.
A animosidade entre os dois lados e sua rivalidade pelo controle do budismo tibetano estão no cerne do debate sobre reencarnação.