Por Kate Kelland
LONDRES (Reuters) - Milhares de pacientes de Covid-19 continuam a sofrer com sintomas graves, debilitantes e duradouros muitos meses depois de sua infecção inicial, o que causa grandes consequências sociais, econômicas e de saúde, alertaram especialistas de saúde europeus nesta quinta-feira.
Ao publicar um relatório de orientação de iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a doença, muitas vezes classificada de "Covid prolongada" ou "síndrome pós-Covid", especialistas disseram que cerca de um de cada dez pacientes de Covid-19 ainda passa mal 12 semanas após sua infecção aguda, e muitos sofrem com sintomas por muito mais tempo.
"Esta é uma doença que pode ser extremamente debilitante. Aqueles que sofrem dela descrevem uma combinação variada de sintomas coincidentes... dor peitoral e muscular, fadiga, fôlego curto... confusão mental e muitos outros", disse Martin McKee, professor do Observatório Europeu de Sistemas e Políticas de Saúde que liderou o relatório.
Hans Kluge, diretor regional europeu da OMS, disse que a Covid prolongada pode ter "consequências sociais, econômicas, ocupacionais e de saúde graves".
"O fardo é real, e é considerável", disse.
Ele exortou as autoridades de saúde a ouvirem as preocupações dos pacientes, levá-las a sério e estabelecer serviços para ajudá-las.
Indícios crescentes de todo o mundo apontam para muitos milhares de pessoas lidando com a Covid prolongada. A doença não parece estar ligada ao fato de a infecção ter sido grave ou amena.
Um relatório inicial do ano passado do Instituto Nacional de Pesquisa de Saúde britânico sugeriu que a Covid prolongada pode não ser uma doença, mas diversas síndromes que causam uma montanha-russa de sintomas que afetam o corpo e a mente.
Kluge observou que, assim como qualquer doença nova, ainda se desconhece muita coisa sobre a Covid-19.
"Precisamos ouvir e... entender. Aqueles que sofrem de doenças pós-Covid precisam ser ouvidos se for para entendermos as consequências de longo prazo e a recuperação da Covid-19", disse. "Esta é uma prioridade clara da OMS (e) deveria ser de toda autoridade de saúde".
(Reportagem adicional de Stephanie Nebehay em Genebra)