Por Maria Cervantes
LIMA (Reuters) - Peruanos marcharam pelas ruas de todo o país na quinta-feira, muitos carregando efígies de ratazanas ou abutres, exigindo reformas anticorrupção para sanear as instituições nacionais na esteira da renúncia do chefe do Judiciário.
Milhares foram ao centro histórico da capital Lima portando cartazes que diziam "Chutem todos para fora!" e bradando "Chega de Corrupção! Vergonha Nacional!"
"Não se trata só de demitir os magistrados. Precisamos de uma mudança, uma reforma de todo o sistema judicial e político", disse Jorge Rodriguez, universitário de 31 anos.
Cidadãos participaram de protestos em cidades como Cusco,
Arequipa, Tacna e Iquitos na quinta-feira, noticiou a mídia.
O presidente do Peru, Martín Vizcarra, demitiu seu ministro da Justiça, Salvador Heresi, nesta sexta-feira depois que um canal de televisão divulgou o áudio de uma conversa telefônica entre o ministro e um juiz investigado por tráfico de influência.
O áudio é parte de várias conversas telefônicas grampeadas de juízes e seus associados que foram gravadas pela polícia em meio a uma investigação criminal antes de serem vazadas para a mídia peruana, disse o juiz que autorizou os grampos.
Na gravação, juízes parecem debater planos para trocar favores, ajudar a condenar criminosos e garantir empregos para amigos.
Um juiz foi preso e outro foi proibido de deixar o país. Todos negam irregularidades.
Duberlí Rodríguez, que não foi acusado de nenhuma irregularidade, renunciou aos cargos de chefe da Suprema Corte e presidente do Judiciário "por causa da crise institucional que o Judiciário está atravessando", segundo sua carta de renúncia, que o Judiciário publicou no Twitter.
Rodríguez não respondeu de imediato a pedidos de comentário da Reuters.
Um escândalo de corrupção abalou o governo do ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, que renunciou quatro meses atrás, e envolveu a empreiteira brasileira Odebrecht.
A crise do Judiciário é um teste político precoce para Vizcarra, ex-vice de Kuczynski que prometeu combate a corrupção "a qualquer preço" quando tomou posse em março.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES