Por Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - A corrida presidencial da Argentina parece a caminho de ser decidida em cima da hora, já que a primeira leva de pesquisas aponta um empate técnico entre o atual presidente, Mauricio Macri, e seu adversário de centro-esquerda, Alberto Fernández.
Meia dúzia de sondagens analisadas pela Reuters mostram que a eleição, um referendo sobre as dolorosas reformas de mercado adotadas por Macri para reduzir os níveis da dívida do país, provavelmente terá um segundo turno, sem nenhum vencedor claro emergirá da votação inicial de 27 de outubro.
As sondagens, feitas por uma série de institutos de pesquisas locais, se dividiram sobre quem venceria um segundo turno – mas todas indicam que nenhum candidato alcançará a marca de 45% dos votos necessária para vencer na primeira rodada.
"É como lançar uma moeda", disse o analista de pesquisas Jorge Giacobbe à Reuters. "Essa moeda, atualmente, ainda está no ar".
As sondagens apontam para meses tensos pela frente para a Argentina e seus mercados nervosos, mas também sugerem que os dois lados precisarão fazer concessões para conquistar o eleitor médio, podendo suavizar políticas mais polêmicas.
Macri, um conservador pró-mercado, viu sua popularidade ser golpeada por uma recessão e uma crise econômica que abateram o peso no ano passado e desencadearam uma inflação de quase 50%.
Recentemente o ex-magnata dos negócios recebeu um impulso de alguns sinais econômico positivos, dentre eles o fortalecimento do peso e uma redução da inflação.
Alberto Fernández, candidato inesperado da oposição peronista, encabeça uma chapa composta pela ex-presidente Cristina Kirchner, uma populista militante que tem um séquito ardoroso e que muitos acreditavam que seria a principal desafiante de Macri.
Os institutos de pesquisas disseram que, como Macri e Cristina são impopulares com grandes parcelas do eleitorado, a eleição pode pender para quem conquistar o eleitor médio. Fernández é visto como uma voz moderada dentro do peronismo.
As empresas de pesquisa Ricardo Rouvier & Asociados, Raúl Aragón & Asociados e Tendencias mostram Fernández vencendo os dois turnos. A Management & Fit e a Synopsis, por outro lado, preveem uma vitória apertada de Macri depois de ficar em segundo no primeiro turno.
"Tudo diz respeito aos 13% ou 14% de pessoas que ainda não querem tomar uma decisão, que estão bravas com ambos", disse Giacobbe, que espera um segundo turno disputado.