LONDRES (Reuters) - Cientistas descobriram que a cepa de cólera responsável pela epidemia no Iêmen – a pior já registrada – teve origem no leste da África e provavelmente foi transportada por migrantes.
Por meio de técnicas de sequenciamento de genoma, pesquisadores do Instituto Wellcome Sanger, do Reino Unido, e do Instituto Pasteur, da França, disseram ser agora capazes de melhor estimar o risco de futuros surtos de cólera em regiões como o Iêmen, dando mais tempo para intervenção das autoridades.
"Saber como a cólera se move globalmente nos dá a oportunidade de melhor nos preparar para surtos futuros", disse Nick Thomson, professor no Sanger e na London School of Hygiene and Tropical Medicine, parceira na pesquisa.
Após quatro anos de guerra entre uma coalizão liderada pela Arábia Saudita e o grupo Houthi apoiado pelo Irã, os sistemas de saneamento e de saúde ficaram gravemente prejudicados no Iêmen, onde 1,2 milhão de casos suspeitos de cólera foram reportados em 2017, com 2.515 mortes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou em outubro que o surto está voltando a se acelerar, com cerca de 10 mil novos casos suspeitos sendo relatados por semana, o dobro da média dos primeiros oito meses de 2018.
Para pesquisar as origens do surto, as equipes dos institutos Sanger e Pasteur sequenciaram os genomas de bactérias de cólera coletadas no Iêmen e em áreas vizinhas.
(Reportagem de Kate Kelland)