Por Jake Cordell
TBILISI (Reuters) - A polícia da capital da Geórgia, Tbilisi, usou gás lacrimogêneo, canhões de água e granadas de efeito moral, nesta quarta-feira, para dispersar o segundo dia consecutivo de protestos contra uma lei de "agentes estrangeiros" que, segundo críticos, sinaliza uma mudança autoritária.
Centenas de policiais, muitos carregando escudos de proteção, dirigiram-se para as ruas ao redor do prédio do Parlamento na tentativa de dispersar os manifestantes. Ao contrário dos confrontos violentos na noite de terça-feira, não havia sinais de manifestantes jogando pedras ou coquetéis molotov contra policiais.
Nuvens de gás lacrimogêneo se espalharam pela avenida central de Tbilisi, a Rustaveli, onde está localizado o Parlamento, forçando pelo menos alguns dos milhares de manifestantes a se afastarem.
Algumas dezenas de pessoas haviam rompido mais cedo uma barreira metálica erguida a certa distância do Parlamento, mas não demonstraram sinais de tentativa de entrada no prédio. Os manifestantes quebraram pelo menos uma janela.
O Ministério do Interior disse que 77 pessoas haviam sido detidas após os protestos de terça-feira, que começaram quando os parlamentares aprovaram uma primeira leitura da lei, que exige que quaisquer organizações que recebam mais de 20% de seus recursos do exterior se registrem como "agentes estrangeiros" ou enfrentem multas substanciais.
O partido governista Sonho Georgiano diz que a lei é modelada na legislação norte-americana dos anos 1930. Críticos, incluindo a presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, dizem que ela é reminiscente de uma lei russa que o Kremlin tem usado amplamente para reprimir dissidências e pode prejudicar as chances da Geórgia de aderir à União Europeia.
(Reportagem adicional de David Chkhikvishvili e Ben Tavener em Tbilisi)