Por Katharine Houreld
NAIRÓBI (Reuters) - A polícia do Quênia disparou gás lacrimogêneo e tiros para o alto para dispersar um grupo pequeno de manifestantes em Nairóbi dois dias antes de uma eleição, e o principal líder opositor do país pareceu recuar de uma convocação de protestos durante a votação.
Em Kisumu, cidade do oeste queniano, cerca de 2 mil manifestantes marcharam até a sede do conselho eleitoral, disseram testemunhas, em atenção ao apelo de Raila Odinga por protestos contra a repetição da eleição presidencial na quinta-feira, mas depois se dispersaram pacificamente.
Odinga está boicotando a disputa contra o atual presidente, Uhuru Kenyatta. Ele sustenta que a eleição não será livre nem justa, já que o conselho eleitoral não progrediu o suficiente no rumo das reformas que exigiu depois da anulação da primeira votação, ocorrida em agosto.
O oposicionista exortou seus seguidores a não permitirem que a nova votação aconteça, dizendo repetidamente que não haverá "eleição nenhuma".
Mas nesta terça-feira ele disse ao canal BBC que não está convocando manifestações para o próprio dia do pleito. "Não dissemos às pessoas para protestarem no dia da eleição. Não dissemos isso de forma nenhuma. Dissemos às pessoas para manterem distância", afirmou em uma entrevista de rádio.
Quando lhe pediram esclarecimentos, o porta-voz de Odinga respondeu que ele está dizendo que "protestos pacíficos" ainda ocorrerão e que a oposição explicará completamente seus planos na quarta-feira.
Ao menos 49 pessoas morreram em episódios de violência política desde a votação de agosto, evocando lembranças desagradáveis de uma votação acirrada de 2007 após a qual mais de 1.200 pessoas foram mortas.
Na noite local desta terça-feira o guarda-costas do vice-juiz principal foi baleado e ferido quando comprava flores na calçada de uma rua, disse polícia.
O motivo do ataque não está claro, mas deve agravar o clima tenso que cerca a votação. Juízes receberam ameaças desde que anularam o resultado da votação de dois meses atrás.
O impasse político vem prejudicando o crescimento da economia mais rica do leste da África, que valoriza sua estabilidade e liberdade relativa em uma região assolada por conflitos.