Por Yimou Lee
TAIPÉ (Reuters) - Um porta-aviões chinês navegou pelo Estreito de Taiwan nesta sexta-feira, disse o Ministério da Defesa de Taiwan, poucas horas antes de uma conversa entre os presidente da China e dos Estados Unidos.
A China reivindica Taiwan como parte de seu território e, nos últimos dois anos, intensificou sua atividade militar perto da ilha para afirmar suas reivindicações de soberania, alarmando Taipé e Washington.
Uma fonte com conhecimento direto do assunto, que não estava autorizada a conversar com a mídia e falou sob condição de anonimato, disse à Reuters que o porta-aviões Shandong navegou perto da ilha de Kinmen, controlada por Taiwan, que fica diante da cidade chinesa de Xiamen.
"Por volta das 10h30, o CV-17 apareceu a cerca de 30 milhas náuticas (55 quilômetros) a sudoeste de Kinmen e foi fotografado por um passageiro em um voo civil", disse a fonte, referindo-se ao número de serviço oficial do Shandong.
O USS Ralph Johnson, um destróier de mísseis guiados Arleigh Burke, acompanhou o porta-aviões pelo menos parcialmente em sua rota. O Shandong não tinha aeronaves em seu convés e navegou para o norte através do estreito, acrescentou a fonte.
Taiwan também enviou navios de guerra para ficar de olho na situação, disse a fonte.
O Ministério da Defesa de Taiwan, em um breve comunicado, confirmou a passagem do Shandong, mas não deu detalhes além de dizer que suas forças têm uma "compreensão total" do que os navios e aeronaves da China fazem no Estreito de Taiwan.
O porta-voz da Marinha dos EUA, Mark Langford, disse que o Ralph Johnson "conduziu um trânsito rotineiro no Estreito de Taiwan em 17 de março (horário local) através de águas internacionais de acordo com o direito internacional". Ele não detalhou.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, encaminhou perguntas ao Ministério da Defesa --que não respondeu a um pedido de comentário--, mas afirmou que o Shandong tem um "horário de treinamento de rotina".
"Não devemos associar isso com a comunicação entre os chefes de Estado da China e dos Estados Unidos. Você pode pensar que é muito sensível. O que é sensível são vocês, não o Estreito de Taiwan", disse Zhao a repórteres em Pequim.
A navegação aconteceu cerca de 12 horas antes de o presidente dos EUA, Joe Biden, falar com seu colega chinês, Xi Jinping.
A fonte descreveu o momento do movimento do Shandong tão próximo a essa chamada como "provocativo" e que era incomum que navegasse durante o dia, com missões anteriores acontecendo à noite.