LISBOA (Reuters) - Portugal vai realizar testes de coronavírus em 500 requerentes de asilo e transferirá alguns para apartamentos deixados vazios pelos turistas, depois de um surto em um albergue de imigrantes na semana passada, que levou a uma análise minuciosa das condições superlotadas que poderiam levar ao contágio.
Portugal abriga 800 requerentes de asilo em albergues em todo o país, enquanto eles aguardam o processamento de seus pedidos. Um único caso em um albergue em Lisboa na semana passada levou todos os 175 a serem testados, revelando que 138 haviam contraído o vírus.
O Ministério da Administração Interna disse no domingo que planeja "aproveitar a pressão reduzida no mercado imobiliário da capital" para transferir alguns requerentes de asilo para pousadas e apartamentos vazios devido à falta de turistas neste verão.
Os pedidos de asilo aumentaram em Portugal quase três vezes nos últimos cinco anos, para 1.716 em 2019.
O Conselho para Refugiados (CPR), responsável por hospedar pessoas enquanto suas solicitações estão sendo processadas, tem capacidade para apenas 150 pessoas e coloca os demais candidatos em albergues ou habitação social.
A diretora do CPR, Monica Farinha, disse à Reuters que estava preocupada com as condições dos albergues, com várias pessoas em um dormitório, o que significa um alto risco de contágio.
A ministra da Saúde, Marta Temido, declarou no domingo que um estudo com quase 3.000 dos 23.864 casos do país indicou que a coabitação e contágio em espaços concentrados, como casas de repouso e albergue em Lisboa, foram as principais causas de transmissão da doença.
O país está se preparando para aliviar isolamento imposto em 18 de março e atualmente em vigor até 2 de maio, mas a ministra da Saúde fez um apelo às pessoas lembrando que as medidas de distanciamento social precisariam continuar para evitar ressurgimento dos casos.
(Reportagem de Victoria Waldersee)