Por Amanda Becker
WASHINGTON (Reuters) - Dois democratas com experiência no Exército dos Estados Unidos e que almejam conquistar a indicação presidencial do partido para 2020 mudaram o foco da campanha para política externa neste domingo, criticando o presidente republicano, Donald Trump, por escalar tensões com o Irã que poderiam levar a uma guerra.
A relação entre Washington e Teerã está cada vez mais sob pressão nas últimas semanas, levantando preocupações sobre um possível conflito entre os dois países.
Trump e importantes conselheiros de política externa, como o assessor de Segurança Nacional John Bolton e o secretário de Estado, Mike Pompeo, querem que Teerã abra mão de seus programas nuclear e de mísseis balísticos.
Trump apertou as sanções econômicas contra o Irã, buscando forçar seus líderes a negociar. No ano passado, Pompeo delineou uma lista de demandas sobre o Irã que levou críticos a dizerem que ele estava pressionando por uma mudança de regime.
A deputada Tulsi Gabbard, uma dos 24 democratas que almejam a nomeação à Casa Branca, disse no programa "This Week with George Stephanopoulos", da rede ABC, que Trump estava "nos levando a um caminho perigoso em direção a uma guerra com o Irã".
"Ele diz que não quer isso, mas as suas ações e de seu governo, pessoas como John Bolton e Mike Pompeo, nos contam uma história bem diferente. Eles estão montando o cenário para uma guerra com o Irã que se provaria muito mais cara, muito mais devastadora e perigosa do que qualquer coisa que vimos na guerra do Iraque", disse Gabbard.
Trump disse que não está pressionando por uma guerra com o Irã. Durante a campanha presidencial de 2016, ele prometeu ficar fora de conflitos no exterior, alegando que as guerras no Afeganistão e no Iraque eram custosas demais.
Em maio de 2018, Trump retirou os EUA de um acordo multinacional com o Irã negociado pelo governo de Barack Obama e que reduzia as sanções econômicas sobre Teerã em troca de um recuo no programa nuclear. Trump criticou o acordo como fraco, dizendo que negociaria um mais forte.
Gabbard, de 38 anos, se alistou na Guarda Nacional do Exército dos EUA após os ataques de 11 de setembro de 2001 e foi duas vezes deslocada para o Oriente Médio. Gabbard disse que está concorrendo à Presidência para acabar com guerras de mudança de regime, embora ela atualmente esteja atrás da maioria de seus oponentes para 2020 em pesquisas de opinião.
Outro candidato à Casa Branca, o deputado Seth Moulton, ex-agente da Marinha de 40 anos e que serviu quatro vezes no Iraque, disse ao "This Week" que se o governo Trump enviar tropas adicionais ao Golfo, isso poderia "nos arrastar para guerra".
"Não cometa nenhum erro, isso é exatamente o que John Bolton quer que aconteça", disse Moulton, que também está atrás em pesquisas de opinião sobre 2020. "O mundo é tão perigoso quando você tem um fraco comandante na Presidência dos Estados Unidos".
Moulton considera como mentor o ex-vice-presidente Joe Biden, que atualmente lidera os apoios do campo democrata para 2020. Quando questionado sobre o porquê que eleitores das primárias democratas deveriam apoiá-lo em vez de a seu mentor, Moulton disse: "Eu acho que é hora da geração que lutou no Iraque e Afeganistão assumir o lugar da geração que nos mandou para lá".
Gabbard renunciou ao seu posto no Comitê Democrata Nacional em 2016 quando Hillary Clinton era a indicada porque ela disse que as posições de política externa da ex-secretária de Estado eram agressivas demais. Gabbard foi questionada pela rede ABC se isso também se aplica a Biden, dado que tanto ele quanto Hillary serviram no governo Obama.
"Veremos qual é a visão de política externa do vice-presidente Biden para este país. Nós podemos concordar em algumas questões, discordar em outras", disse Gabbard.