DUBAI (Reuters) - O presidente do Irã, Hassan Rouhani, pediu nesta quarta-feira ao judiciário para processar com urgência os responsáveis pelos ataques à embaixada saudita em Teerã, em protesto contra a execução de um clérigo xiita pela Arábia Saudita.
Os comentários de Rouhani parecem mostrar sua determinação em apaziguar a tensão com os vizinhos sunitas do Golfo Pérsico e prosseguir com as tentativas de normalizar os laços com potências mundiais, ao falar sobre uma prática que se tornou um desafio para a política externa da República Islâmica.
Esta semana, Arábia Saudita, Barein, Sudão e Djibouti romperam os laços com o Irã, enquanto os Emirados Árabes Unidos rebaixaram suas relações e o Kuweit chamou seu embaixador após o ataque à embaixada. A Jordânia convocou o embaixador do Irã.
Depois de alcançar um acordo nuclear com as potências mundiais, em julho, Rouhani procura acabar com o longo isolamento do Irã em relação ao Ocidente. No entanto, as repercussões do ataque poderiam colocar em risco esse objetivo, provocando a maior crise diplomática de seu governo.
Membros do Conselho de Segurança da ONU divulgaram um comunicado na segunda-feira condenando "em termos mais fortes" o ataque à embaixada saudita e também outro contra o consulado da cidade de Mashhad.
"Ao punir os agressores e aqueles que orquestraram esta ofensa óbvia, devemos pôr um fim de uma vez por todas à tamanha degradação e insultos à dignidade e à segurança nacional do Irã", disse a carta publicada na agência estatal de notícias IRNA citando Rouhani.
Enquanto globalmente as embaixadas são frequentemente foco de protestos, o Irã ainda comemora anualmente o aniversário da tomada em 1979 da embaixada dos Estados Unidos em Teerã, a qual se refere como a Segunda Revolução.
Desde então, os iranianos já atacaram diversas embaixadas em Teerã, incluindo a do Kuweit, em 1987, a da Arábia Saudita, em 1988, a da Dinamarca, em 2006, e da Grã-Bretanha, em 2011, e a maioria dos ataques levou ao rompimento das relações diplomáticas.
(Por Bozorgmehr Sharafedin)