CARACAS (Reuters) - O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, disse em entrevista neste domingo que planeja entrar com ações judiciais contra jornais da Espanha e Estados Unidos que o ligaram ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
O Wall Street Journal noticiou há duas semanas que promotores federais norte-americanos estariam juntando provas e interrogando ex-traficantes de drogas e desertores das forças armadas para denunciar Cabello, político número 2 do Partido Socialista.
O jornal espanhol ABC publicou em janeiro uma reportagem que dizia que o ex-chefe de segurança de Cabello havia fugido para os Estados Unidos com provas de que o presidente do parlamento estaria envolvido no tráfico de drogas.
Cabello nega as duas acusações, e já processou três meios de comunicação venezuelanos por terem republicado a matéria do ABC.
"Eu já processei aqui na Venezuela, mas também vou entrar com ações na Espanha, eu também vou entrar com ações nos Estados Unidos", disse Cabello em entrevista transmitida por uma rede de televisão neste domingo.
"Não pode ser que na Espanha a imprensa possa fazer isso - sujar o nome de alguém sem qualquer tipo de prova. Nos Estados Unidos, isso não pode acontecer."
Cabello não mencionou o Wall Street Journal ou o New York Times, que também realizou reportagem dizendo que o político estaria sendo investigado pelas autoridades norte-americanas.
Mas disse também que "este cara do ABC...se meteu em uma grande confusão, pois eu vou processá-lo lá na Espanha."
Até a conclusão desta matéria o Wall Street Journal ainda não havia respondido um email pedindo esclarecimentos sobre o caso. A Reuters também não conseguiu obter declarações do New York Times ou do ABC, que neste domingo publicou uma nota em seu site repercutindo as declarações de Cabello.
O governo do presidente Nicolas Maduro saiu em defesa de Cabello, chamando as acusações de propaganda patrocinada por Washington para enfraquecer a atual administração.
Autoridades norte-americanas há anos dizem que a Venezuela se tornou o principal ponto de transbordo para as drogas produzidas nas vizinha Colômbia, e acusaram um número de membros do alto escalão do governo de envolvimento no tráfico. As autoridades venezuelanas negam as acusações.
(Por Brian Ellsworth)