LONDRES (Reuters) - Trinta das principais instituições de pesquisa científica do mundo, revistas científicas e financiadores de pesquisas prometeram nesta quarta-feira compartilhar de forma gratuita os dados e o conhecimento sobre o Zika vírus assim que forem obtidos.
"Os argumentos para o compartilhamento de dados e as consequências de não comparilhá-los (foram)... enfatizados pelos surtos de Ebola e de Zika", afirma o documento acordado por um número sem precedentes de signatários nas Américas, no Japão e na Europa, além de outros locais.
"No contexto de uma emergência de saúde pública de caráter internacional, há um imperativo para que todas as partes tornem disponível qualquer informação que possa ter valor no combate à crise", afirma o documento.
A Zika, uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, está causando alarme internacional após um surto no Brasil que se espalhou por boa parte das Américas.
Pouco se sabe sobre o vírus, inclusive se ele pode provocar má-formação cerebral ou outros problemas neurológicos. O Brasil está investigando uma ligação entre infecções pelo Zika e cerca de 4 mil casos suspeitos de bebês recém-nascidos com microcefalia.
Equipes médicas e de pesquisadores em todo o mundo têm ampliados os esforços para descobrir mais sobre a doença, incluindo como tratamentos com vacinas podem ser desenvolvidos para combatê-la.
Entre os signatários do documento desta quarta que concordaram em compartilhar os frutos das pesquisas estão o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), a Fundação Bill & Melinda Gates, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Institut Pasteur, da França; a Academia de Ciências Médicas do Reino Unido e a instituição de caridade para a área de saúde Wellcome Trust.
As publicações científicas signatárias --entre elas o New England Journal of Medicine, a Nature, a Science e o The Lancet-- prometeram "tornar todo o conteúdo sobre o Zika vírus de acesso gratuito".
Jeremy Farrar, diretor do Wellcome Trust e um dos signatários do documento, disse que a pesquisa é uma parte essencial da resposta a qualquer emergência global de saúde.
"Isso é particularmente verdade para o Zika, onde muita coisa ainda é desconhecida sobre o vírus, como ele se espalha e a possível relação com a microcefalia", disse.
Farrar acrescentou que isso também significa que é crítico que os resultados das pesquisas se tornem disponíveis e sejam compartilhados rapidamente, de forma ética, equitativa e transparente.
"Isso vai garantir que o conhecimento conquistado se torne rapidamente em intervenções de saúde que possam ter impacto sobre a epidemia."
(Reportagem de Kate Kelland)