Por Seda Sezer e Daren Butler
ISTAMBUL (Reuters) - Mesmo antes da tentativa de golpe de Estado do mês passado, o sistema penal da Turquia já estava sobrecarregado, com presídios lotados e processos atrasados nos tribunais. Agora, o sistema está tendo dificuldade para lidar com o influxo de milhares de detidos na esteira da tomada de poder fracassada.
O governo turco diz que a situação está sob controle, mas imagens de alguns supostos golpistas algemados, apenas com roupas íntimas e detidos em salas sufocantes despertaram preocupações em grupos de direitos humanos. Há relatos de que algumas prisões estão tão lotadas que os prisioneiros têm que dormir em turnos.
Atualmente existem tantos suspeitos do golpe que o governo diz não ter um tribunal grande o suficiente para julgá-los e que vai precisar construir novas cortes. Cerca de 3 mil promotores e juízes estão entre os detidos, o que torna ainda mais difícil encontrar membros do judiciário para conduzirem os julgamentos.
A população carcerária da Turquia triplicou desde 2002, quando o partido AK, criado pelo presidente Tayyip Erdogan, chegou ao poder. Algumas pessoas estão presas em conexão com o conflito no sudeste de maioria curda, que no último ano testemunhou alguns dos piores episódios de violência desde que a insurgência teve início, em 1984.
Até março havia 188 mil prisioneiros no país, cerca de 8 mil a mais do que o sistema consegue acomodar. Desde o golpe malsucedido, 12 mil pessoas foram encarceradas e aguardam julgamento, e milhares mais foram detidas para novos interrogatórios.
"Para se abrir espaço, estão empilhando as pessoas umas em cima das outras", disse Mustafa Eren, presidente do conselho da Sociedade Civil da Fundação Sistema Penal, uma entidade de direitos humanos.
((Tradução Redação São Paulo, +5511 56447719))
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