CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Um procurador que conduzia uma investigação sobre um escândalo de corrupção relacionado à campanha do presidente do México, Enrique Peña Nieto, e a empreiteira Odebrecht disse na quarta-feira que foi demitido sem justificativa, enquanto o Senado prepara uma votação para decidir se o restitui ou não.
O procurador-geral interino do México demitiu Santiago Nieto, procurador-geral para crimes eleitorais, na semana passada, alegando que ele violou um código de conduta.
A demissão sumária ocorreu poucos dias depois de uma entrevista explosiva ao jornal Reforma na qual Nieto acusou Enrique Lozoya, ex-presidente da petroleira estatal Pemex e um membro de alto escalão da equipe da campanha de 2012 de Peña Nieto, de lhe escrever pedindo que fosse declarado inocente da acusação de direcionar dinheiro da empreiteira Odebrecht à campanha do presidente.
A demissão de Nieto revoltou políticos da oposição e até ameaçou adiar discussões de parlamentares sobre o Orçamento do ano que vem.
Na entrevista televisionada, Nieto negou ter violado qualquer lei ou ter revelado qualquer informação sigilosa. "Não violei nenhum código de ética", afirmou Nieto, que comandava o inquérito contra Lozoya e a campanha do presidente.
O Senado deve votar nos próximos dias para decidir se restitui Nieto ou não, mas ainda não está claro quando a votação ocorrerá e se será pública.
Um sinal de como os ânimos se exaltaram devido ao assunto foi a promessa de parlamentares oposicionistas de adiar a votação do orçamento de 2018 até o caso de Nieto ser resolvido.
A disputa está complicando os esforços para dissipar as alegações de corrupção, que podem prejudicar o governista Partido Revolucionário Institucional (PRI) na eleição presidencial do ano que vem.
Não foi possível fazer contato com Nieto de imediato para se obter comentários na quarta-feira. Tanto o presidente quanto Lozoya, seu aliado próximo, já haviam negado envolvimento com qualquer irregularidade ligada à campanha de 2012.
Ciente de que a corrupção se tornou um tema central para a eleição de 2018, o PRI supervisionou as prisões de vários ex-governadores estaduais. Lozoya representa um desafio maior, dada sua proximidade do presidente mexicano.
(Por Gabriel Stargardter)