Por Andrew Goudsward
WASHINGTON (Reuters) - A promotora do Estado norte-americano da Geórgia que está processando o ex-presidente dos EUA Donald Trump por sua tentativa de reverter a derrota na eleição de 2020 reconheceu nesta sexta-feira que tem um relacionamento pessoal com outro promotor do caso, mas negou que esse fato prejudique a acusação.
A procuradora distrital do Condado de Fulton, Fani Willis, afirmou em documentos judiciais que as reclamações que tentam derrubar sua histórica acusação “não têm mérito”.
Trump e outros dois réus estão tentando desqualificar Willis e assim se livrar dos processos, alegando que ela se beneficiou de um “relacionamento impróprio, clandestino e pessoal” com Nathan Wade, o advogado que ela contratou para liderar as investigações.
“Além de as acusações feitas em várias moções serem obscenas e terem atraído justamente a atenção da mídia que tinham como objetivo, nada dá a esta corte qualquer base para conceder a reparação que eles buscam”, afirmou Willis.
O processo é um dos quatro processos criminais que Trump enfrenta enquanto se aproxima de ser escolhido pelo Partido Republicano para desafiar o atual presidente, Joe Biden, na eleição de novembro. Trump está usando meios judiciais que podem atrasar o início dos julgamentos por semanas ou meses.
Como já fez no passado, o político atacou Willis em sua plataforma Truth Social, nesta sexta-feira, dizendo: “ESSA FRAUDE ESTÁ TOTALMENTE DESACREDITADA E ACABADA!”.
Steven Sadow, o principal advogado de defesa de Trump no caso, disse que o documento de Willis "pede ao tribunal que feche os olhos à sua alegada má conduta pessoal e financeira".
Willis afirmou que seu relacionamento com Wade não deu à promotoria uma vantagem pessoal ou financeira no processo, e afirma que a acusação de conflito de interesse é baseada em “teorias fantásticas e grandes especulações”.
Em declaração sob juramento, Wade disse que seu relacionamento pessoal com Willis começou em 2022, após ele ser contratado como promotor especial na investigação sobre a eleição de 2020. Willis afirmou que não obteve ganhos financeiros com o relacionamento.
Citando fontes anônimas em documentos judiciais previamente secretos, um dos corréus de Trump, Michael Roman, afirmou que Wade pagou por férias com Willis enquanto ele era remunerado pelo gabinete dela para realizar a investigação.
Trump e seus corréus acusaram Willis de conflito de interesse e sugeriram que o relacionamento dela com Wade é incompatível com as regras éticas do Estado e as leis do país.
Registros divulgados como parte do divórcio de Wade mostraram que ele pagou por voos com Willis pelo menos duas vezes durante a investigação.
Wade afirmou sob juramento que os custos da viagem foram divididos “quase igualitariamente” entre os dois.
Os advogados do ex-presidente concordaram com os argumentos de Roman e afirmaram que Willis “inapropriadamente injetou a raça no processo” durante um discurso sobre as acusações de Roman. Ela afirmou na ocasião que contratou três conselheiros especiais para a investigação e que somente Wade, o único negro como ela, teve sua credibilidade colocada à prova.
(Reportagem de Andrew Goudsward; reportagem adicional de Doina Chiacu e Nathan Layne)