Por Mark Trevelyan
(Reuters) - Promotores russos pediram a um tribunal que reconheça os crimes cometidos pela Alemanha nazista na região de Moscou durante a Segunda Guerra Mundial como genocídio, dizendo que acreditam que cerca de 6,4 trilhões de rublos (82,3 bilhões de dólares) em danos foram causados, disseram eles nesta quinta-feira.
Não ficou claro se a medida foi um prelúdio para uma nova reivindicação de compensação financeira por parte da Rússia para a Alemanha moderna, com a qual as relações têm se deteriorado devido à guerra de Moscou na Ucrânia.
Mas a declaração, que cita a necessidade de defender os interesses nacionais da Rússia enquanto se restaura a justiça histórica, pareceu parte de um esforço mais amplo da Rússia para preparar seus cidadãos para o que diz ser uma guerra existencial contra o Ocidente, que algumas autoridades russas compararam à guerra travada pela União Soviética contra os nazistas.
Os promotores pediram a um tribunal regional de Moscou "que reconheça como crimes de guerra e crimes contra a humanidade, e como genocídio contra o povo soviético, os crimes estabelecidos e recentemente revelados cometidos pelos invasores fascistas alemães" na região de Moscou entre outubro de 1941 e janeiro de 1942.
Mais de 26 mil pessoas foram mortas na região durante esse período, disseram em um comunicado, com cidadãos soviéticos submetidos a tortura, roubo, trabalhos forçados e expulsões. Não ficou claro quando o tribunal decidirá sobre o pedido.
Cerca de 27 milhões de soviéticos perderam a vida no que os russos chamam de Grande Guerra Patriótica, cuja memória é considerada sagrada por muitos russos.
Oito décadas depois, foi a Rússia que invadiu a Ucrânia no que chamou de "operação militar especial", retratada pelo presidente russo, Vladimir Putin, como um movimento necessário para "desnazificar" a Ucrânia e impedir o "genocídio" contra falantes de russo na região leste de Donbas.
Putin muitas vezes evoca façanhas da história militar da Rússia, seja na guerra contra Hitler ou aquelas travadas por governantes anteriores como Pedro, o Grande, para explorar o sentimento de orgulho nacional dos russos.
A Ucrânia, então parte da União Soviética, estima que perdeu pelo menos 8 milhões de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial.