DUBAI (Reuters) - Autoridades iranianas e um grupo de direitos da população curda reportaram aumentos no número de mortos nesta quarta-feira durante as agitações que varreram o país, com protestos entrando no quinto dia e restrições aplicadas às redes sociais devido à morte de uma mulher sob custódia da polícia moral do país islâmico.
A imprensa iraniana e um procurador local disseram que quatro pessoas morreram nos últimos dois dias, levando o número total de mortos a oito, de acordo com as fontes oficiais. Entre os mortos está um integrante da polícia e um membro de uma milícia pró-governo.
Os protestos começaram no sábado por conta da morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos do Curdistão iraniano que morreu na semana passada após ter sido presa em Teerã por vestir "trajes inadequados".
Informações do grupo de direitos dos curdos Hengaw que a Reuters não conseguiu verificar, dizem que 10 manifestantes foram mortos. Três deles na quarta-feira, acrescentando às sete pessoas que segundo o grupo foram mortas pelas forças de segurança do país.
As mortes teriam acontecido principalmente na região curda ou em seus arredores, no noroeste do país, onde os distúrbios tem sido especialmente intensos.
Autoridades negam que as forças de segurança tenham matado manifestantes, sugerindo que eles possam ter sido baleados por dissidentes armados.
Sem sinais de que os protestos estejam diminuindo, autoridades restringiram o acesso à Internet, de acordo com relatos do Hengaw, de moradores e do observatório NetBlocks.
O NetBlocks e os moradores disseram que o acesso ao Instagram foi restrito. A plataforma é a única grande rede social que é permitida normalmente pelo Irã e tem milhões de usúários no país.
Ativistas expressaram preocupação de que o bloqueio da internet repita uma medida do governo antes de uma repressão aos protestos contra os preços dos combustíveis em 2019, quando a Reuters reportou que 1.500 pessoas foram mortas.
A morte na semana passada de Mahsa Amini, de 22 anos, que foi presa pela polícia moral em Teerã por "trajes inadequados", desencadeou uma raiva latente por questões como liberdades na República Islâmica e uma economia sofrendo com as sanções.
Depois de começar no sábado no funeral de Amini na província do Curdistão do Irã, os protestos tomaram conta de grande parte do país, provocando confrontos enquanto as forças de segurança tentavam suprimi-los.
Um importante assessor do líder supremo aiatolá Ali Khamenei prestou condolências à família de Amini nesta semana, prometendo acompanhar o caso e dizendo que Khamenei estava triste com sua morte.
A agência de notícias oficial IRNA disse que um "assistente policial" morreu depois de ter ficado ferido na terça-feira na cidade de Shiraz, no sul , após "algumas pessoas entrarem em conflito com policiais". Uma autoridade citada pela IRNA disse que 15 manifestantes foram presos em Shiraz.
(Reportagem da Redação de Dubai)