Por Denis Dyomkin e Maria Tsvetkova
SOCHI, Rússia (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira que o mandatário sírio, Bashar al-Assad, lhe disse que está pronto para conversar com grupos de oposição armados se estiverem realmente comprometidos com o diálogo e no combate ao Estado Islâmico.
Um dia depois de Assad ter feito uma visita surpresa a Moscou para conversar com Putin, destacando o novo papel da Rússia como um ator central no conflito da Síria, Putin disse que os dois falaram sobre a necessidade de uma solução política.
Alguns governos ocidentais têm retratado a Rússia como um obstáculo para um acordo político, especialmente desde que o país deu início aos bombardeios aéreos na Síria contra grupos islâmicos de oposição a Assad, incluindo alguns apoiados pelos Estados Unidos e seus aliados.
Mas Putin disse acreditar que a operação militar na Síria poderia criar as condições adequadas para o progresso nas negociações sobre o futuro do país.
"Eu vou revelar alguns detalhes sobre minhas conversas com o presidente Assad", disse Putin em um fórum na estância russa de Sochi na quinta-feira à noite (horário local).
"Perguntei para ele: Como você veria se encontrássemos agora na Síria uma oposição armada disposta a realmente se opor e combater os militantes do Estado Islâmico? Qual seria a sua visão se apoiássemos os seus esforços na luta contra o Estado Islâmico, da mesma forma que estamos apoiando o Exército sírio?", disse Putin.
"Ele respondeu: 'eu consideraria isso positivo'", acrescentou Putin.
O presidente russo continuou: "Agora estamos pensando sobre isso e estamos tentando, se der certo, alcançar esses acordos".
Putin também afirmou que na raiz do conflito sírio não havia apenas a militância islâmica, mas também tensões internas --um reconhecimento de que, pelo menos, algumas das pessoas que se rebelaram contra o governo de Assad têm uma queixa legítima.