Por Gloria Dickie
(Reuters) - Cientistas dizem que as mudanças climáticas estão aumentando a probabilidade de raios nos Estados Unidos, depois que um raio atingiu uma praça perto da Casa Branca, matando duas pessoas deixando outras duas em estado crítico.
As condições quentes e úmidas em Washington, na quinta-feira, foram propícias para a eletricidade. A temperatura do ar chegou a 34 graus Celsius --3°C acima da temperatura máxima normal para o dia 4 de agosto nos últimos de 30 anos, de acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia.
Mais calor pode atrair mais umidade para a atmosfera, ao mesmo tempo em que incentiva uma rápida corrente ascendente --dois fatores-chave para partículas carregadas, que levam a raios. Um estudo importante divulgado em 2014 na revista Science alertou que o número de raios poderia aumentar em 50% neste século nos Estados Unidos. Cada 1°C de aquecimento se traduziria em um aumento de 12% no número de queda de raios.
O aquecimento rápido do Alasca levou a um aumento de 17% na atividade de raios desde a década de 1980, que foi mais fria. E na Califórnia, que é tipicamente seca, um conjunto de cerca de 14.000 raios em agosto de 2020 provocou alguns dos maiores incêndios florestais já registrados no Estado.
Além dos Estados Unidos, há evidências de que a incidência de raios também está disparando na Índia e no Brasil.
Mas, mesmo com o aumento dos raios, ser atingido por um ainda é algo extremamente raro nos Estados Unidos, dizem os especialistas. Cerca de 40 milhões de raios caem no país todos os anos, de acordo com o Centro de Controle de Doenças --com as chances de se ser atingido sendo menores que 1 em 1 milhão.
Entre aqueles que são atingidos, cerca de 90% sobrevivem, diz o CDC.
Os dois homens e duas mulheres atingidos por um raio na quinta-feira enquanto visitavam a Lafayette Square, em Washington, ao norte da Casa Branca, foram afetados por um raio que atingiu o chão durante uma violenta tempestade à tarde.
O raio caiu perto de uma árvore que fica a alguns metros da cerca que circunda a residência presidencial e os escritórios em frente à praça, que costuma ficar lotada de visitantes, especialmente nos meses de verão.
Todas as quatro vítimas sofreram ferimentos graves e foram levadas para hospitais da região, onde duas morreram depois, disseram as autoridades.
"Estamos tristes com a trágica perda de vidas", disse a Casa Branca em comunicado nesta sexta-feira. "Nossos corações estão com as famílias que perderam entes queridos e estamos orando por aqueles que ainda lutam por suas vidas."
Como o calor e a umidade são frequentemente necessários para produzir raios, a maior incidência acontece no verão. Nos Estados Unidos, a Flórida, um Estado subtropical, é onde mais pessoas morrem devido a raios.
(Por Gloria Dickie)