WASHINGTON/BEIRUTE (Reuters) - Os Estados Unidos e a Rússia anunciaram planos para uma “interrupção de hostilidades” na Síria que entraria em vigor no sábado, mas que exclui grupos como o Estado Islâmico e a Frente Nusra, da al Qaeda, uma brecha que os rebeldes sírios imediatamente destacaram como um problema.
O acordo desta segunda-feira, descrito pelo porta-voz da Organização das Nações Unidas como “um primeiro passo em direção a um cessar-fogo mais durável”, foi fruto de uma diplomacia intensa entre Washington e Moscou, que dão apoio a lados opostos na guerra civil de cinco anos que já matou mais de 250 mil pessoas.
Os presidentes Barack Obama e Vladimir Putin discutiram o acordo por telefone, e o líder russo disse que o plano poderia “transformar radicalmente a situação de crise na Síria”. A Casa Branca afirmou que ele poderia ajudar no avanço das negociações sobre mudanças políticas na Síria.
Para ter sucesso, o acordo vai exigir que os dois países convençam os seus aliados na Síria a cumpri-lo.
Ele permite o Exército sírio e forças aliadas, assim como também os combatentes de oposição, a atuar com “uso proporcional de força” em defesa própria. O plano deixa uma brecha significativa ao permitir a continuação dos ataques, incluindo aéreos, contra o Estado Islâmico, a Frente Nusra e outros grupos militantes.
Bashar al-Zoubi, chefe do gabinete político do Exército Yarmouk, parte do Exército Sírio Livre, afirmou que isso daria cobertura para o presidente Bashar al-Assad e os seus aliados russos seguirem com os ataques a territórios controlados pela oposição, onde rebeldes e facções militantes se encontram muito próximos.
"A Rússia e o regime vão atacar as áreas dos revolucionários sob o pretexto da presença da Frente Nusra, e você sabe o quão misturadas essas áreas são. Se isso ocorrer, a trégua entra em colapso”, afirmou ele.
Desde que iniciou os ataques aéreos em apoio a Assad em setembro, a Rússia ajudou a abrir caminhos para avanços importantes das forças de governo num conflito que preocupa várias potências regionais e mundiais.
O Exército sírio é apoiado por Moscou, pelo Irã e por combatentes do Hezbollah, do Líbano. Os rebeldes têm o apoio dos Estados Unidos, Turquia e Arábia Saudita.
(Por Arshad Mohammed e Tom Perry)