NOVA YORK (Reuters) - O advogado suíço que chefia uma comissão encarregada de reformar a estrutura e gestão da Fifa acredita que mudanças importantes na estrutura de votação da entidade e a imposição de limites nos mandatos para integrantes do comitê executivo serão difíceis de ocorrer no curto prazo.
François Carrard, ex-ditetor-geral do Comitê Olímpico Internacional (COI), disse em entrevista à Reuters nesta terça-feira que a sua comissão apoia um limite de 12 anos para o presidente da Fifa, mas que esses limites podem não ser a melhor ação para os membros do comitê executivo.
"Há situações em alguns países onde você tem líderes sábios que poderiam ser úteis por mais de oito ou 12 anos", disse Carrard antes de uma conferência internacional sobre segurança no esporte em Nova York.
Carrard afirmou que a comissão apoia um limite de 74 anos de idade para os integrantes do comitê executivo da Fifa.
A Fifa tem sido criticada por não ter limites de mandato para sua liderança, permitindo que Joseph Blatter comande a entidade durante quase três décadas. Autoridades suíças abriram uma investigação criminal sobre Blatter em setembro e o comitê de ética da Fifa o suspendeu do cargo por 90 dias.
Blatter nega qualquer irregularidade. A investigação da Suíça amplia os meses turbulentos na Fifa, depois que procuradores anunciaram o indiciamento de nove dirigentes de futebol e cinco executivos de marketing esportivo sob acusações de corrupção e esquemas de suborno ao longo de 24 anos.
Carrard, que foi nomeado em agosto para chefiar o Comitê de Reforma da Fifa 2016, disse à Reuters que nenhuma das propostas da sua comissão foi finalizada, mas que isso deve ocorrer até dezembro. Estas propostas serão apresentadas ao Congresso da Fifa para uma votação em 26 de fevereiro, mesmo dia em que a entidade vai eleger um novo presidente.
"Temos que ser muito cuidadosos", disse ele, ressaltando que a Fifa é uma associação internacional e não uma empresa com acionistas.
O dirigente afirmou que seu comitê vai recomendar mudanças significativas para promover uma maior "transparência financeira" nas atividades da Fifa, incluindo novas regras para exigir a divulgação pública dos salários de altos funcionários da Fifa. Mais tarde no evento, Carrard também disse que apoiará o aumento do número de mulheres no comitê executivo.
Carrard ressaltou que quaisquer propostas exigiriam uma maioria de três quartos na votação de 209 países membros da Fifa.
(Reportagem de Mica Rosenberg e Mark Hosenball em Nova York)