Por Emma Farge
GENEBRA (Reuters) - Estados Unidos, Reino Unido e outros países estão pedindo um debate no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir o tratamento da China aos uigures e outros muçulmanos na região de Xinjiang, no extremo oeste chinês, mostrou um documento e disseram diplomatas nesta segunda-feira.
A medida, que precisa de uma maioria de votos para ser aprovada no profundamente dividido conselho sediado em Genebra, seria a primeira vez que supostos abusos da China, um poderoso membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, figuram na agenda do órgão de direitos humanos da em seus 16 anos de história.
Intensas discussões diplomáticas continuam à margem da reunião do conselho desde que um relatório da ONU no mês passado estipulou que "graves violações dos direitos humanos foram cometidas" em Xinjiang, que podem equivaler a crimes contra a humanidade.
"Não podemos ignorar violações tão graves e sistemáticas dos direitos humanos", disse o embaixador do Reino Unido, Simon Manley, ao órgão da ONU nesta segunda-feira. "Este conselho não deve, não pode, ficar em silêncio."
A China nega veementemente quaisquer abusos e enviou uma delegação do governo a Genebra para combater o que alega serem descobertas errôneas do escritório de Direitos Humanos da ONU e diz que está "pronta para a luta" se medidas forem tomadas contra o país.
O chamado "projeto de decisão" revisado pela Reuters é até agora apoiado pelos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Suécia, Dinamarca, Islândia e Noruega, disseram diplomatas. O pedido busca um debate na próxima sessão do conselho, que começa em fevereiro.
O conselho de 47 membros está dividido sobre as alegações contra a China, que tem laços econômicos profundos com muitos países em desenvolvimento e está buscando o apoio dessas nações.
A China tem procurado angariar apoio contra qualquer ação liderada pelo Ocidente, embora os esforços iniciais tenham ficado aquém das expectativas, com menos de 10 membros votantes do conselho apoiando uma declaração criticando o relatório de direitos da ONU.
(Reportagem de Emma Farge)