BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta terça-feira que faltou "protagonismo" do PT no passado para conduzir a votação da uma reforma política, uma das demandas que o governo identificou nos grandes protestos de domingo em todo o país.
Segundo Renan, o Senado chegou a apreciar, há mais de uma década, alterações no sistema político, mas a reforma enfrentou resistências entre os deputados.
"Faltou, sobretudo nesses momentos, o protagonismo do governo e o protagonismo do PT", disse o presidente do Senado, em evento na Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao PMDB, em que foi apresentada uma nova proposta de reforma.
"Eu espero que a partir de agora, com o protagonismo da presidente da República e com o protagonismo do seu partido, o PT, nós tenhamos condições de levar adiante essa reforma política e entregar ao Brasil uma nova política", afirmou Renan.
O governo avaliou, nas manifestações contrárias de domingo e nas de sexta-feira, pró-governo, que uma das demandas da sociedade é justamente uma reforma do sistema político. O tema já havia sido abordado pela presidente Dilma Rousseff logo após as manifestações em junho de 2013, revisitado por ela durante a campanha eleitoral e novamente no início de seu segundo mandato.
Um dos pontos defendido pelo governo é justamente o fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais e partidos políticos, apontado como foco de casos de corrupção.
Já o projeto apresentado nesta terça-feira por peemedebistas em cerimônia que contou com a presença do vice-presidente Michel Temer, de Renan, e do líder da bancada no Senado, Eunício Oliveira (CE), permite o financiamento privado, com algumas limitações.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o líder da bancada de deputados, Leonardo Picciani (RJ), não compareceram.
Questionado sobre a dificuldade de se aprovar uma proposta que de início já diverge da defendida pelo PT e pelo governo, o ex-ministro Moreira Franco, presidente da fundação, afirmou que "conversa e caldo de galinha não fazem mal a ninguém".
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)