Por Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - Paul Ryan, o republicano mais graduado do Congresso dos Estados Unidos, disse nesta segunda-feira que não irá defender Donald Trump nem fazer campanha com ele, aprofundando ainda mais a crise da candidatura presidencial do candidato republicano decorrente de seus comentários agressivos sobre as mulheres.
Ryan, presidente da Câmara dos Deputados, também indicou que está se preparando para ver a democrata Hillary Clinton conquistar a Casa Branca na eleição presidencial e congressional de 8 de novembro.
Em uma teleconferência de emergência com parlamentares republicanos, Ryan disse que agora irá se concentrar em proteger as maiorias do partido no Congresso para que Hillary não tenha um "cheque em branco" na forma de um Capitólio controlado por democratas, disse uma fonte a par da conversa.
É extremamente raro um presidente da Câmara dos Deputados dar as costas ao candidato presidencial de seu partido. O gesto de Ryan ilustrou a extensão da revolta desencadeada pela divulgação, na sexta-feira, de um vídeo de 2005 que mostra Trump se vangloriando despudoradamente sobre como apalpa mulheres e fazendo insinuações sexuais indesejadas.
Ryan, republicano eleito que ocupa o cargo mais alto do país, disse que não pode defender Trump nem fazer campanha com ele nos próximos 30 dias, disse a fonte.
Mas ele não cortou todos os laços com o empresário de Nova York, cuja campanha volátil provocou a maior crise no Partido Republicano em décadas. Ryan retomou a teleconferência mais tarde para esclarecer que não está retirando seu apoio, segundo uma fonte.
Membros republicanos do Congresso temem que a campanha do magnata destrua as chances de manter suas maiorias na Câmara e no Senado em novembro e inflija danos de longo prazo à legenda. Ryan tem sido um crítico frequente de Trump, que nunca ocupou um cargo público.
A teleconferência foi realizada para se decidir como lidar com as consequências do vídeo de sexta-feira. Durante um final de semana dominado por críticas a Trump por causa de seus comentários maliciosos sobre as mulheres, vários integrantes do Congresso, governadores e outros republicanos proeminentes pediram que ele desista da corrida.
Quase metade dos 332 senadores, congressistas e governadores republicanos no cargo repudiou as colocações de Trump, e cerca de 1 de cada 10 o conclamou a abandonar a disputa, de acordo com uma análise de comunicados oficiais e cobertura jornalística local feita pela Reuters.
Mas qualquer tentativa de substituir Trump na cédula eleitoral tão perto do dia da eleição se depararia com obstáculos legais e logísticos.
Um Trump desafiador partiu para a ofensiva no debate presidencial agressivo de domingo, dizendo que a ex-senadora Hillary iria para a cadeia se ele fosse presidente e atacando seu marido, Bill Clinton, pela maneira como trata as mulheres.
O debate, o segundo de três antes da votação, foi marcado pela brutalidade dos ataques entre os dois candidatos.
(Reportagem adicional de Susan Cornwell, David Morgan e Susan Heavey)