Por Susan Cornwell e Yasmeen Abutaleb
WASHINGTON (Reuters) - Os republicanos ultrapassaram nesta quinta-feira o primeiro obstáculo para uma reforma maciça do sistema de saúde dos Estados Unidos apoiada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, apesar de os democratas expressarem preocupação com o desconhecimento do custo do projeto de lei e de seu impacto no orçamento.
O comitê da Câmara dos Deputados responsável por tributação ("Ways and Means") aprovou o projeto de lei na manhã desta quinta-feira depois de debater o esboço da legislação durante quase 18 horas.
O Comitê de Energia e Comércio da casa realizou sua própria maratona em uma sessão dois dias depois de a medida ser anunciada por líderes republicanos.
"Este é um passo histórico, um passo importante na anulação do Obamacare", disse o deputado republicano Kevin Brady, presidente do comitê "Ways and Means", referindo-se ao sistema de saúde do antecessor de Trump, Barack Obama, depois de o comitê endossar a medida por um placar de 23 a 16.
O Congresso espera aprovar o projeto de lei, que revogaria muito da Lei de Saúde Acessível de 2010, conhecida popularmente como Obamacare, dentro de algumas semanas.
O projeto irá anular a obrigatoriedade de compra de planos para os cidadãos, reverter a maioria dos impostos do Obamacare, adotar um sistema novo e menor de créditos fiscais baseado na idade, e não na renda, e reformar o Medicaid, o programa de saúde governamental voltado para os pobres.
O comitê, que está analisando as provisões do projeto de lei relativas a impostos, não fez alterações ao texto, apesar das dezenas de tentativas dos democratas para lhe acrescentar emendas.
Hospitais, médicos, planos de saúde e defensores dos pacientes apelaram ao Congresso depois que o esboço do projeto foi divulgado na segunda-feira, pedindo que este reconsidere os cortes amplos e a forma como eles irão afetar o sistema de saúde.
O projeto de lei é o primeiro teste legislativo de Trump, e o caos que ele logo provocou ocorre depois da confusão criada por seu decreto presidencial proibindo a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana nos EUA, que mais tarde ele revisou.
Os parlamentares republicanos enfrentam a resistência de conservadores de suas próprias fileiras, segundo os quais o projeto de lei, que criaria um sistema de créditos fiscais para induzir as pessoas a comprar planos de saúde no mercado, não é radical o suficiente.
(Reportagem adicional de David Morgan e Brendan O'Brien)