Por Doina Chiacu
WASHINGTON (Reuters) - Vários republicanos do Congresso dos Estados Unidos pediram ao secretário de Justiça norte-americano, Jeff Sessions, que se exima das investigações sobre a suposta interferência da Rússia na eleição presidencial dos EUA depois que veio a público que ele se encontrou com o embaixador russo no ano passado, mas não admitiu os contatos em um depoimento que deu ao Senado.
Por sua vez, democratas de destaque exigiram a renúncia de Sessions, a principal autoridade de aplicação da lei do governo do presidente republicano Donald Trump e um conselheiro próximo durante sua campanha eleitoral de 2016.
Os dois encontros com o embaixador, noticiados primeiramente pelo jornal The Washington Post na noite de quarta-feira, foram confirmados pelo Departamento de Justiça, que disse não haver nada de impróprio nas reuniões.
Durante sua audiência de confirmação no Senado, em janeiro, Sessions respondeu a uma pergunta do senador democrata Al Franken afirmando que não "teve comunicações com os russos" no curso da campanha presidencial.
No ano passado, agências de inteligência dos EUA concluíram que a Rússia roubou e vazou emails do Partido Democrata durante a campanha, parte de uma tentativa de fazer a votação pender a favor de Trump.
As alegações de contatos de assessores de Trump com a Rússia antes de sua posse e a acusação de intromissão russa tumultuaram os primeiros dias do novo governo. Trump, que durante a campanha defendeu com frequência melhores laços com Moscou, vem acusando funcionários do governo do ex-presidente democrata Barack Obama de tentar desacreditá-lo.
O ex-senador Sessions recebeu o embaixador Sergei Kislyak em seu escritório em setembro, relatou o Post. O outro encontro foi em julho, em um evento da Fundação Heritage ao qual compareceram cerca de 50 embaixadores durante a Convenção Nacional Republicana, disse o Post.
O FBI, que é parte do Departamento de Justiça, vem conduzindo investigações sobre as alegações de interferência russa e todo e qualquer elo com os associados de Trump.
O republicano Jason Chaffetz, que preside o Comitê de Supervisão da Câmara dos Deputados, escreveu no Twitter que Sessions "deveria esclarecer seu depoimento e se eximir".
O líder da maioria na Câmara, Kevin McCarthy, segundo republicano mais graduado na Casa, disse ao canal MSNBC: "Só acho que, para qualquer investigação ir adiante, é preciso ter certeza que todos confiam na investigação".
Indagado se isso significa que Sessions deveria se afastar da investigação, McCarthy respondeu: "Acho que seria mais fácil deste ponto de vista, sim". Mais tarde, em uma entrevista à Fox News, Mccarthy disse que não está pedindo o afastamento e que deixará a decisão ao secretário.