Por Emma Farge
GENEBRA (Reuters) - O chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk, criticou nesta terça-feira governos, incluindo China e Rússia, por restrições à sociedade civil em um discurso no qual também criticou alguns Estados ocidentais devido à pobreza e à violência policial.
O discurso que mencionou dezenas de países foi o mais abrangente de Turk ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra, desde que assumiu o cargo em outubro, e estava sendo observado de perto por diplomatas e grupos de direitos humanos para ver o que ele priorizaria.
Turk, que é austríaco, disse que sua principal mensagem aos governos é ouvir as pessoas, as vítimas e os defensores dos direitos humanos.
"A restrição severa do espaço cívico é o calcanhar de Aquiles --a fraqueza fatal-- da governança", disse ele, mencionando incidentes como a "detenção arbitrária" de defensores dos direitos humanos e advogados em Pequim e o fechamento de jornais na Rússia.
Turk abriu o discurso referindo-se à "magnitude chocante" do impacto da guerra na Ucrânia, que prejudicará os direitos dos ucranianos "nas próximas gerações".
Ele censurou os militares do Mali por "violações graves" e enfatizou a necessidade de supervisão independente contínua da situação na Etiópia, depois que a Reuters informou que Adis Abeba estava tentando encerrar uma investigação da ONU sobre supostas atrocidades da guerra do Tigré.
Em críticas mais raras às democracias ocidentais, Turk levantou a questão da violência policial nos Estados Unidos contra os negros e uma possível queda recorde nos padrões de vida no Reino Unido, instando Londres a conversar com os trabalhadores em greve.
Ele ainda abordou supostas violações de direitos da China, incluindo a detenção em larga escala de minorias uigures em Xinjiang. Turk disse que seu escritório abriu canais de comunicação para acompanhar as questões de direitos na China. Pequim nega vigorosamente todos os abusos.