Por Ece Toksabay
ANCARA (Reuters) - A polícia da Turquia vasculhou a sede de uma revista nesta segunda-feira por causa de uma sátira na forma de "selfie" que mostra o presidente turco, Tayyip Erdogan, sorridente diante do caixão de um soldado, em alusão a decleração de que os familiares de soldados mortos por rebeldes curdos deveriam ficar felizes com seu martírio.
Um promotor de Istambul proibiu a distribuição da edição mais recente da revista Nokta e ordenou uma batida em sua redação pelas acusações de "insultar o presidente turco" e "fazer propaganda terrorista", depois que a capa da publicação foi veiculada na Internet, informou a revista em um comunicado.
"A capa que levou à ação policial pode ter sido dura, perturbadora ou até cruel. (Mas) estes não são crimes para uma instituição midiática, essa é nossa forma de expressão", disse a revista na declaração.
A capa mostra um Erdogan sorridente tirando uma selfie, tendo como fundo um caixão coberto pela bandeira da Turquia sendo levado por soldados. A imagem é uma referência clara à escalada na violência entre o Estado e militantes curdos, que deixou mais de cem agentes de segurança mortos nas últimas semanas. Mas é também uma crítica implícita aos comentários de Erdogan sobre a morte de militares.
O mandatário vem sendo muito criticado por sua fala no enterro de um soldado morto nos combates. "Como sua família e seus parentes próximos estão felizes, porque Ahmet chegou a um lugar muito sagrado", teria dito ele, segundo a mídia turca em geral.