Por Gabrielle Tétrault-Farber
GENEBRA (Reuters) - O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas aprovou nesta quarta-feira uma resolução contestada sobre a intolerância religiosa, após a queima de um Alcorão na Suécia, provocando preocupação nos Estados ocidentais que dizem que isso desafia práticas de longa data na proteção de direitos.
A resolução, apresentada pelo Paquistão em nome da Organização para a Cooperação Islâmica (OIC), que conta com 57 países, pede que o chefe de direitos humanos da ONU publique um relatório sobre a intolerância religiosa e que os Estados revisem suas leis e preencham lacunas que possam "impedir a prevenção e repressão de atos e a defesa da intolerância religiosa".
A medida foi fortemente contestada pelos Estados Unidos e pela União Europeia, que dizem que isso conflita com suas visões sobre direitos humanos e liberdade de expressão. Embora condenem a queima do Alcorão, eles argumentaram que a OIC foi projetada para salvaguardar os símbolos religiosos e não os direitos humanos.
Um imigrante iraquiano na Suécia queimou o Alcorão do lado de fora de uma mesquita em Estocolmo no mês passado, provocando indignação em todo o mundo muçulmano e demandas de Estados muçulmanos por ação.
O resultado da votação marca uma grande derrota para os países ocidentais em um momento em que a OIC tem influência sem precedentes no conselho, o único órgão formado por governos para proteger os direitos humanos em todo o mundo.
Vinte e oito países votaram a favor, 12 votaram contra e sete países se abstiveram. Representantes de alguns países aplaudiram após a aprovação da resolução.
Marc Limon, diretor do Universal Rights Group, com sede em Genebra, disse que o resultado mostra que "o Ocidente está em plena retirada no Conselho de Direitos Humanos".
"Eles estão cada vez mais perdendo apoio e perdendo a discussão", disse.
((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075)) REUTERS FC FDC