Por Tom Balmforth
KIEV (Reuters) - O Kremlin disse nesta segunda-feira que nenhuma decisão foi tomada sobre o fechamento das fronteiras da Rússia para impedir o êxodo de homens em idade militar que fogem do país, após dias de cenas caóticas durante sua primeira mobilização militar desde a Segunda Guerra Mundial.
Questionado sobre a perspectiva de fechamento da fronteira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres: "Não sei nada sobre isso. No momento, nenhuma decisão foi tomada sobre isso".
Informações de que a Rússia poderia fechar suas fronteiras contribuíram para a turbulência desde que o presidente russo, Vladimir Putin, deu a ordem na semana passada para convocar centenas de milhares de reservistas na maior escalada até agora da guerra que já dura sete meses na Ucrânia.
Os voos para fora da Rússia se esgotaram e os carros se acumularam nos postos de fronteira, com relatos de uma fila de 48 horas na única fronteira rodoviária com a Geórgia, o raro vizinho pró-ocidente que permite que cidadãos russos entrem sem visto.
"Todo mundo em idade de alistamento deve ser proibido de viajar para o exterior na situação atual", disse Sergei Tsekov, um importante parlamentar que representa a Crimeia anexada à Rússia na Câmara superior do Parlamento russo, à agência de notícias RIA.
Dois sites de notícias exilados - Meduza e Novaya Gazeta Europe - relataram que as autoridades planejam proibir a saída de homens, citando autoridades não identificadas.
A mobilização foi acompanhada por um anúncio de Putin de que Moscou realizaria referendos para anexar quatro províncias ucranianas ocupadas por suas forças. O Ocidente considera as votações, que devem terminar na terça-feira, um pretexto falso para tomar território capturado à força.
A mobilização levou aos primeiros protestos contínuos na Rússia desde o início da guerra, com um grupo de monitoramento estimando que pelo menos 2.000 pessoas foram presas até agora. Todas as críticas públicas à "operação militar especial" são proibidas.
Imagens que circulam na internet mostram confrontos entre multidões e policiais, principalmente em áreas onde predominam minorias étnicas, como o Daguestão, no sul, que é majoritariamente muçulmano e a Buriácia, lar dos budistas mongóis, na Sibéria.
((Tradução Redação São Paulo))