YEKATERINBURG, Rússia (Reuters) - O jornalista norte-americano Evan Gershkovich foi a julgamento a portas fechadas nesta quarta-feira na cidade russa de Ecaterimburgo, onde enfrenta acusações de espionagem e uma provável sentença de até 20 anos de prisão.
Os promotores dizem que o repórter do Wall Street Journal reuniu informações secretas, sob as ordens da Agência Central de Inteligência dos EUA, sobre uma empresa que fabrica tanques para a guerra da Rússia na Ucrânia.
Gershkovich, seu jornal e o governo dos EUA rejeitam as alegações e dizem que ele estava apenas fazendo seu trabalho como repórter credenciado pelo Ministério das Relações Exteriores para trabalhar na Rússia.
"Essa falsa acusação de espionagem levará inevitavelmente a uma falsa condenação de um homem inocente", disse a editora-chefe do Wall Street Journal, Emma Tucker, em uma carta aos leitores.
A embaixada dos EUA afirmou em um comunicado: "Seu processo não se trata de provas, normas processuais ou do estado de direito. Trata-se de o Kremlin usar cidadãos americanos para atingir seus objetivos políticos".
O Kremlin se recusou a comentar sobre a abertura do julgamento. O porta-voz Dmitry Peskov disse aos repórteres: "Sabemos que esse tópico é muito, muito ressonante nos Estados Unidos, mas não é tão ressonante em nosso país".
Após várias horas de procedimentos fechados, o tribunal disse que a próxima sessão seria realizada em 13 de agosto - uma indicação de que o caso se arrastará por meses.
Os jornalistas foram autorizados a filmar brevemente o homem de 32 anos antes do início do julgamento, do qual a mídia é proibida de participar.
O repórter estava com a cabeça raspada, em contraste com as aparições anteriores no tribunal, e usava uma camisa de gola aberta. Ele sorriu e acenou com a cabeça para colegas que reconheceu.
O promotor Mikael Ozdoyev falou brevemente com os jornalistas para resumir as acusações. "Gershkovich executou as ações ilegais enquanto observava meticulosamente as medidas conspiratórias", declarou ele.
Julgamentos fechados são padrão na Rússia para supostas traições ou espionagem envolvendo material confidencial. Os advogados assinam acordos de confidencialidade, impedindo o surgimento de quaisquer detalhes sobre as supostas ações de Gershkovich e como ele se defenderá.
O Kremlin afirma que o caso e os preparativos para o julgamento são de competência do tribunal, mas declarou - sem publicar provas - que Gershkovich foi pego "em flagrante".
(Reportagem da Reuters)