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Por Olivia Le Poidevin
GENEBRA (Reuters) - A Rússia está retomando táticas da era soviética, como o tratamento psiquiátrico forçado para silenciar os dissidentes e as vozes contra a guerra em um ambiente cada vez mais repressivo, disse uma especialista da ONU na segunda-feira.
Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que o governo do presidente Vladimir Putin tem se inclinado para o autoritarismo desde a invasão em larga escala da Ucrânia, há mais de três anos, mas Moscou nega e acusa o Ocidente de uma campanha de difamação.
Um relatório deste mês de Mariana Katzarova, relatora especial da ONU sobre direitos na Rússia, apontou que a repressão patrocinada pelo Estado está aumentando e se tornando sistemática por meio de leis de segurança nacional e outras medidas.
"Psiquiatria punitiva voltou a ser uma ferramenta contra as vozes contrárias à guerra", disse Katzarova aos repórteres em Genebra.
A missão diplomática russa em Genebra indicou à Reuters uma declaração de 8 de setembro de seu Ministro das Relações Exteriores, dizendo que Moscou não reconhece o mandato dela e chamando seu trabalho de ilegítimo. Moscou já havia considerado infundadas as críticas ao seu histórico de direitos.
Desde a invasão da Ucrânia, o país aprovou leis mais rigorosas para punir dissidentes e traidores.
Tortura, processo criminal e psiquiatria coercitiva estão entre as medidas que estão sendo usadas, disse Katzarova, sendo a psiquiatria coercitiva documentada em uma média de 23 casos por ano desde 2022, em comparação com cinco por ano de 2015 a 2021.
"É a velha ferramenta soviética para capturar dissidentes, neste caso, ativistas antiguerra e também jornalistas", afirmou ela.
EXPERIÊNCIA ASSUSTADORA
Em março, a Reuters analisou materiais de casos de duas ativistas que descreveram a provação assustadora de serem enviadas por ordem judicial para se submeterem a avaliações psiquiátricas em um hospital siberiano.
Algumas das medidas psiquiátricas coercitivas incluem testes invasivos e desnecessários, e a internação por tempo indeterminado como paciente psiquiátrico.
Katzarova deu o exemplo da jornalista Maria Ponomarenko, que, segundo ela, foi obrigada a se submeter a tratamento psiquiátrico compulsório por manter sua posição contra a guerra.
Ponomarenko foi presa por divulgar "notícias falsas" sobre a guerra na Ucrânia em 2023 e recebeu uma sentença adicional de 10 anos em março.
A Rússia afirma que é essencial manter a estabilidade interna e acusa as agências de inteligência ocidentais de tentar desestabilizar o país.
Katzarova disse que as leis sobre agentes estrangeiros e a disseminação de notícias falsas estavam sendo aproveitadas "maciçamente" para suprimir a dissidência e os críticos, retratando jornalistas, oponentes políticos e ativistas antiguerra como inimigos do Estado.
Pouco mais de 20.000 pessoas foram presas por expressarem uma posição contra a guerra desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia, de acordo com o grupo de direitos russos OVD-Info.