Por Lidia Kelly e Tom Perry
MOSCOU/BEIRUTE (Reuters) - A Rússia realizou ataques aéreos na Síria pelo terceiro dia seguido nesta sexta-feira, principalmente em áreas sob controle de grupos insurgentes rivais ao governo sírio, e não nos territórios dos Estado Islâmico, que o país havia dito que seria seu alvo.
Os Estados Unidos, que também estão realizando uma campanha de bombardeios aéreos contra o Estado Islâmico, diz que a Rússia vem usando sua ação como um pretexto para atacar outros grupos insurgentes que se opõem ao governo do presidente Bashar al-Assad, aliado de Moscou.
Alguns dos grupos que foram atingidos são respaldados pelos países que se opõem tanto a Assad como ao Estado Islâmico, incluindo pelo menos uma organização que recebeu treinamento da CIA.
O governo russo disse nesta sexta-feira que seus últimos ataques haviam atingido 12 alvos do Estado Islâmico, mas a maioria das áreas descritas ficam em partes do país onde o grupo radical tem pouca ou nenhuma presença.
O Ministério da Defesa russo afirmou que seus aviões de guerra Sukhoi-34, Sukhoi-24M e Sukhoi-25 completaram 18 missões e descreveu alvos no oeste e norte da Síria, incluindo um posto de comando e um centro de comunicações na província de Aleppo, um acampamento de militantes em Idlib e um posto de comando em Hama.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, entidade com sede em Londres que monitora o conflito por meio de uma rede de fontes no local, disse que Estado Islâmico não tem presença nas zonas oeste e norte, que foram atingidas.
Segundo o dirigente do Observatório, Rami Abdulrahman, um dos alvos bombardeados pelos russos, a cidade de Dar Tazzah, na província de Aleppo, no noroeste, é controlada por vários grupos insurgentes, incluindo a Frente Nusra, ligada à Al Qaeda.
No entanto, a Rússia também atingiu áreas do Estado Islâmico em um pequeno número de ataques mais a leste. O Observatório disse que 12 combatentes do Estado Islâmico foram mortos perto de Raqqa na quinta-feira, e aviões que se acredita serem russos também haviam atingido a cidade de Qarytayn, controlada pelos islamistas.
A decisão do presidente Vladimir Putin, nesta semana, de lançar ataques aéreos contra a Síria marca uma escalada dramática do envolvimento estrangeiro em uma guerra civil de quatro anos em que todos os principais países da região têm participação.
(Reportagem adicional Vladimir Soldatkin)