Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro revelou preocupação, nesta quinta-feira, com a possibilidade de a guerra na Ucrânia se ampliar e afetar a produção mundial de alimentos, inclusive no Brasil.
Bolsonaro falou até mesmo em uma "guerra" envolvendo a segurança alimentar e alertou para o problema da falta de fertilizantes, que pode impactar significativamente a produção da agricultura brasileira.
"A guerra que pode mesmo começar matará mais gente do que a primeira e a segunda guerras mundiais juntas. É a guerra que trata simplesmente dos nossos alimentos, segurança alimentar", disse Bolsonaro em discurso durante evento no Palácio do Planalto.
"Ficamos sem um montão de coisas, mas não ficamos sem comida. Se essa guerra se aprofunda, se medidas drásticas começam a ser adotadas de um lado ou de outro, faltará o básico para nós", completou.
Mais tarde, na tradicional live semanal nas redes sociais, o presidente voltou ao tema, chamando a atenção para o problema do fornecimento de potássio, importante componente dos fertilizantes importado pelo Brasil principalmente da Rússia e de Belarus.
"Nós estamos na iminência de uma guerra, né. Qual é a guerra mundial que estamos em evidência? Não é um sai atirando no outro por aí. Mas uma guerra sobre o que, a garantia alimentar. Se esse problema se avolumar lá entre a Ucrânia e a Rússia, vai faltar fertilizante", disse o presidente.
"Se faltar potássio, teremos um baque na agricultura brasileira. O primeiro baque é o que? Queda em produtividade. O segundo é não produção. Segurança alimentar em risco", alertou, ressaltando, ainda, que o "Brasil alimenta mais de 1 bilhão de pessoas fora aqui da divisa".
R$150 BILHÕES
No Planalto, Bolsonaro falou durante a apresentação de medidas que vão liberar 150 bilhões de reais em ações que incluem adiantamento do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS, ampliação de microcrédito e crédito consignado e liberação de parte de recursos do FGTS.
Em ano eleitoral, as medidas visam irrigar a economia e atender a população mais pobre, em que o presidente tem menor intenção de voto para as próximas eleições.
Em meio a uma inflação que atinge em cheio o Brasil --e cuja previsão para este ano o governo revisou de 4,70% para 6,55%, depois de ter fechado 2021 em 10,06%-- o presidente tentou mais uma vez se esquivar de responsabilidade sobre o aumento dos combustíveis, responsabilizando o ICMS, imposto estadual, e reafirmando que não tem poder sobre a Petrobras (SA:PETR4).
"Me culpam pelo aumento dos combustíveis. Eu não tenho poder sobre a Petrobras. Não posso nem vou interferir", disse, mesmo tendo reclamado publicamente sobre a empresa não ter segurado o reajuste dado na semana passado e ter criticado os dividendos pagos a acionistas.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)