ASSUNÇÃO (Reuters) - Os presidentes de Argentina, Paraguai e Uruguai, membros do Mercosul, condenaram os ataques da Rússia à Ucrânia nesta sexta-feira em uma declaração que não incluiu o Brasil, cujo presidente Jair Bolsonaro evitou criticar a invasão russa.
Em uma nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, que detém a presidência do Mercosul neste semestre, os líderes dos três países disseram que o avanço da Rússia em território ucraniano constituía uma "violação aberta dos princípios e normas do direito internacional".
"A este respeito... apelam veementemente à suspensão da agressão e à retirada imediata das forças militares russas do território ucraniano para o início urgente de negociações diplomáticas que conduzam a uma solução pacífica, aceitável e duradoura."
Bolsonaro, que esteve recentemente com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou, repreendeu seu vice-presidente, Hamilton Mourão, na quinta-feira, por condenar a invasão russa da Ucrânia e disse que não cabia a ele falar sobre a crise no leste europeu.
Mourão havia dito que, em sua opinião, as sanções econômicas contra a Rússia poderiam não ser suficientes e o Ocidente poderia ter que usar a força. Seus comentários foram mais fortes do que o texto de um comunicado do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, que disse acompanhar "com grave preocupação" o que chamou de "deflagração de operações militares" pela Rússia e pediu a suspensão imediata de hostilidades e o início de negociações.
Durante sua viagem a Moscou, na semana passada, Bolsonaro chegou a dizer que a intenção de Putin era a paz, e que o Brasil era "solidário à Rússia". O Departamento de Estado norte-americano lamentou os comentários de Bolsonaro.
O Brasil é membro fundador do Mercosul, bloco criado em 1991 junto com Argentina, Paraguai e Uruguai. A Venezuela foi incorporada e depois suspensa, enquanto a Bolívia está em processo de adesão.
(Reportagem de Daniela Desantis)