Por Patricia Zengerle e Dustin Volz
WASHINGTON (Reuters) - O republicano que chefia uma investigação do Congresso dos Estados Unidos sobre a suposta interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016 disse nesta quinta-feira que irá se afastar temporariamente do inquérito por estar sendo investigado por revelar informações confidenciais.
Devin Nunes, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados e aliado do presidente republicano dos EUA, Donald Trump, descreveu as acusações de que revelou informações confidenciais sem autorização como "inteiramente falsas e de motivação política".
A revelação surpreendente de que Nunes está sendo investigado aumentou a incerteza sobre o inquérito mais amplo sobre a Rússia que seu comitê está realizando. A análise é uma de várias que o Congresso está examinando para saber se Moscou tentou interferir na eleição a favor de Trump, principalmente invadindo emails de funcionários democratas e divulgando informações constrangedoras. A Rússia nega as alegações, também rejeitadas por Trump.
O Comitê de Ética da Câmara emitiu um comunicado raro dizendo que irá investigar as alegações de que Nunes fez revelações de dados sigilosos sem permissão "violando regras, leis, regulamentos e outros padrões de conduta da Câmara".
Em um comunicado, Nunes disse que decidiu se afastar do inquérito sobre a Rússia para lutar contra as alegações e por querer "acelerar a refutação destas afirmações falsas".
O deputado Mike Conaway, republicano mais graduado do Comitê de Inteligência, irá assumir a tarefa.
Os democratas criticaram Nunes, membro da equipe de transição de Trump, pela maneira como ele lidou com a investigação sobre a Rússia depois de ter recebido informações da Casa Branca, feito uma coletiva de imprensa a esse respeito e inteirado Trump do assunto antes de compartilhá-las com outros membros do comitê.
A motivação da investigação de ética é saber se Nunes revelou informações confidenciais enquanto debatia publicamente o conteúdo de relatórios de inteligência estrangeira.
No mês passado, Nunes realizou uma coletiva de imprensa dizendo que uma fonte não identificada lhe mostrou relatórios de inteligência contendo nomes "desmascarados" de associados de Trump que foram recolhidos incidentalmente em atividades de vigilância estrangeira de rotina.
(Reportagem adicional de Amanda Becker, Susan Heavey David Alexander e David Morgan)