Por Can Sezer e Jonathan Spicer
KAHRAMANMARAS, Turquia (Reuters) - O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, pode ter contado com forte apoio dos eleitores de Cigdemtepe e de outros vilarejos e cidades do sudeste da Turquia no passado, mas um grande terremoto e uma lenta resposta de resgate tornaram essa lealdade incerta.
Há sinais de que seu Partido AK (AKP) está cada vez mais ciente de que não pode considerar os votos anteriores como garantidos, enquanto autoridades falam em acelerar os planos de reconstrução antes das eleições de maio, que podem ser as mais duras das mais de duas décadas de Erdogan no poder.
"Toda esta vila votou no AKP, embora ninguém saiba o motivo", disse um motorista de caminhão em Cigdemtepe, que fica acima de campos de algodão e alho na província de Kahramanmaras, uma região onde centros urbanos inteiros foram destruídos.
"O terremoto definitivamente muda nossa opinião porque os socorristas e as tendas chegaram muito tarde", declarou.
É difícil determinar o tamanho do desafio que Erdogan enfrenta, dada a falta de pesquisas de opinião na região. Além disso, a oposição tem hesitado antes de finalmente concordar com um candidato para enfrentar Erdogan, inquietando os eleitores, enquanto especialistas dizem que os afetados pelo terremoto podem mudar rapidamente de ideia.
Mas entrevistas da Reuters com quase 30 moradores na semana passada em Kahramanmaras, Adiyaman e Gaziantep - províncias onde tendas brancas marcam a paisagem de edifícios em ruínas ou desmoronados - sugerem que as lealdades políticas, mesmo entre os outrora obstinados apoiadores de Erdogan, estão mudando.
"Minha opinião mudou completamente", disse um estudante da zona rural de Kahramanmaras, que, como outros, relutou em revelar seu nome. "Respiramos AKP aqui, mas este terremoto mudou tudo para nós. Essas pessoas não sabem o que estão fazendo."
(Reportagem adicional de Orhan Coskun em Ancara)