Por Andrew Cawthorne
CARACAS (Reuters) - Parlamentares do Partido Socialista pediram nesta segunda-feira a abertura de um inquérito sobre mais um líder de oposição venezuelano acusado de conspirar contra o presidente do país, Nicolás Maduro, apenas alguns dias depois de o prefeito de Caracas ter sido preso sob acusação semelhante.
A oposição teme que uma investigação contra Julio Borges, um parlamentar e coordenador nacional do partido Primero Justicia, possa ser o sinal de uma repressão mais ampla.
Os inimigos de Maduro o acusam de tentar distrair a atenção dos venezuelanos da grave crise econômica e intimidar a oposição, que está otimista em ganhar o controle do Parlamento numa eleição marcada para este ano.
"Hoje vamos ao gabinete do procurador público solicitar uma investigação preliminar contra Borges", disse o líder do bloco socialista no Parlamento, Pedro Carreno, no Twitter. "Se houver elementos para condenação, isso requer que a Suprema Corte organize uma audiência prévia."
O pedido para investigar Borges ocorre poucos dias depois da prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, acusado de conspirar com radicais violentos.
Representantes do governo e a mídia estatal afirmam que Ledezma e Borges se envolveram numa conspiração de golpe liderada por oficiais da Força Aérea com o apoio dos Estados Unidos.
Os acusados dizem que as denúncias contra eles são falsas e servem de cortina de fumaça para a grave recessão econômica, acompanhada por inflação anual próxima a 70 por cento e um crônico desabastecimento do país.
"Precisamos estar preparados para o caso de o governo deter ilegalmente Julio Borges a qualquer momento", disse nesta segunda-feira o líder de oposição, Henry Ramos, de acordo com a mídia local.
Borges, um advogado e político veterano, é crítico de longa data do governo em relação à corrupção e ao mau uso da riqueza petrolífera do país. Ele ganhou proeminência em 2013, quando recebeu um soco no rosto durante uma discussão no Parlamento.
Ele afirmou que está focado em reverter a maioria do governo na próxima eleição. A data do pleito ainda não foi marcada.
Apoiadores do governo recordam com frequência aos eleitores que Borges apoiou um golpe de curta duração contra o predecessor de Maduro, Hugo Chávez. O presidente da Assembleia Nacional, Diosdalo Cabello, o acusou recentemente de planejar em 2014 o assassinato de Leopoldo López, outro líder de oposição preso, para instigar o caos no país.
(Reportagem adicional de Alexandra Ulmer)