Por Sarah N. Lynch
WASHINGTON (Reuters) - Steve Bannon, representante proeminente da direita norte-americana que atuou como estrategista sênior do ex-presidente Donald Trump, foi sentenciado por um juiz nesta sexta-feira a quatro meses de prisão por se recusar a cooperar com parlamentares que investigam o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos por uma multidão pró-Trump no ano passado.
Durante uma audiência de sentença, o juiz distrital Carl Nichols também ordenou que Bannon pague uma multa de 6.500 dólares. Bannon foi condenado em julho por duas acusações de desacato ao Congresso por não fornecer documentos ou prestar depoimento. Cada uma das duas acusações poderia ocasionar um mínimo de um mês e máximo de um ano de prisão e multa de até 100.000 dólares.
O juiz permitiu que Bannon adie o cumprimento de sua sentença enquanto apela do veredicto.
Na segunda-feira, os promotores pediram ao juiz que sentenciasse Bannon a seis meses de prisão, enquanto os advogados de Bannon buscavam liberdade condicional.
O promotor J.P. Cooney disse na audiência de sexta-feira que Bannon escolheu desrespeitar o Congresso. Ele "não está acima da lei, e é isso que torna este caso importante", afirmou Cooney.
Um júri de oito homens e quatro mulheres condenou Bannon por se recusar a depor ou fornecer documentos em intimação do comitê seleto da Câmara dos Deputados que investiga o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 e os esforços dos aliados de Trump para reverter sua derrota nas eleições de 2020.
Bannon, de 68 anos, foi um dos principais assessores da campanha presidencial do republicano Trump em 2016, depois atuou como estrategista-chefe da Casa Branca em 2017, antes de uma briga entre eles que mais tarde foi apaziguada. Bannon ajudou a articular o populismo de direita "América Primeiro" e a forte oposição à imigração que ajudou a definir o mandato de Trump na Presidência dos EUA.
Bannon tem desempenhado um papel fundamental na mídia de direita e promovido causas e candidatos de direita nos Estados Unidos e no exterior.
Bannon se recusou a se dirigir ao juiz antes da sentença nesta sexta-feira.
Seu advogado David Schoen disse que Bannon confiou no conselho de seus advogados para não cumprir uma intimação do Congresso depois que Trump invocou o privilégio executivo, uma doutrina legal que protege algumas comunicações da Casa Branca de divulgação.
De acordo com o comitê de 6 de janeiro, Bannon falou com Trump pelo menos duas vezes no dia anterior ao ataque, participou de uma reunião de planejamento em um hotel em Washington e disse em seu podcast de direita que "o inferno vai acontecer amanhã".