Por Gina Cherelus e Barbara Goldberg
NOVA YORK (Reuters) - Um imigrante uzbeque suspeito de ter matado oito pessoas na cidade de Nova York seguiu planos delineados pelo grupo militante Estado Islâmico e planejados com semanas de antecedência, disseram investigadores dos Estados Unidos nesta quarta-feira.
A polícia afirmou ter interrogado Sayfullo Saipov, de 29 anos, que foi baleado e preso por policiais momentos depois do atentado em Manhattan na terça-feira, quando o agressor invadiu uma ciclovia com uma caminhonete alugada.
"Parece que o senhor Saipov vinha planejando isto há várias semanas", disse o vice-comissário de polícia de Nova York, John Miller, em uma coletiva de imprensa.
"Ele fez isso em nome do Isis (Estado Islâmico), e juntamente com outros itens recuperados no local havia anotação que indica isso", disse Miller. "A essência da nota era que o Estado Islâmico durará para sempre."
"Ele parece ter seguido quase exatamente as instruções que o Isis colocou em seus canais de redes sociais para seus seguidores", completou.
O ataque foi o mais mortífero realizado na cidade de Nova York desde o 11 de setembro de 2001, quando suicidas sequestraram dois aviões de passageiros e os lançaram contra o World Trade Center, matando mais de 2.600 pessoas.
Outras 12 pessoas ficaram feridas, algumas gravemente, no ataque de terça-feira.
Atentados semelhantes em que se usaram veículos como armas aconteceram na Espanha em agosto e na França e na Alemanha no ano passado.
O suspeito supostamente desviou a caminhonete para uma ciclovia repleta de ciclistas e pedestres, derrubando as pessoas em seu caminho antes de atingir a lateral de um ônibus escolar.
Depois ele saiu do veículo brandindo o que acabou se revelando uma arma de paint-ball e outra de ar comprimido e foi confrontado por um policial que o baleou no abdômen.
Saipov passou por uma cirurgia devido aos ferimentos de bala no Hospital Bellevue, onde foi interrogado pela polícia, informou Miller.
Acredita-se que Saipov morava em Paterson, Nova Jersey, um ex-polo industrial localizado cerca de 40 quilômetros a noroeste de Manhattan. Ele alugou o veículo em uma loja de equipamentos da rede Home Depot localizada em Passaic, ao sul de Paterson.
AMIGOS ARGENTINOS MORREM
O senador Lindsey Graham exortou as autoridades a tratarem Saipov como um combatente inimigo, uma medida que permitiria aos investigadores interrogá-lo sem a presença de um advogado.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que estará aberto a transferir Saipov para a prisão militar em Guantánamo, Cuba, onde outros suspeitos, inclusive supostos conspiradores do 11 de setembro, estão detidos.
"Eu certamente vou considerar isso", disse Trump a repórteres. "Nós também temos que chegar a uma punição que seja muito mais rápida e muito maior do que a punição que esses animais estão recebendo agora."
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que Saipov foi radicalizado depois que se mudou para os EUA.
Seis vítimas foram declaradas mortas no local do ataque e duas outras em um hospital próximo, relatou o comissário de polícia James O'Neill.
Cinco delas eram turistas da Argentina que faziam parte de um grupo de amigos que comemorava o 30º aniversário de sua formatura de segundo grau, disse o governo argentino.
O prefeito nova-iorquino, Bill de Blasio, disse que a polícia estará em peso nas ruas para proteger a maratona da cidade, que ocorre no domingo e atrai cerca de 51 mil corredores de todo o mundo.
O presidente uzbeque, Shavkat Mirziyoyev, afirmou que seu governo fará tudo que puder para ajudar a investigar o ataque "extremamente brutal".
(Reportagem adicional de Jonathan Allen, Anna Driver e Barbara Goldberg em Nova York, Dan Whitcomb em Los Angeles, Mark Hosenball e Susan Heavey em Washington)