Por Louis Charbonneau
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Os crimes de guerra cometidos durante os cinco anos do conflito da Síria são generalizados, e tanto as forças do governo sírio quanto os militantes do Estado Islâmico continuam a cometer crimes contra a humanidade diante da inação da comunidade internacional, declarou um comitê apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira.
"Violações flagrantes de direitos humanos e da lei humanitária internacional continuam sem cessar, agravados pela impunidade despudorada", afirmou a Comissão de Inquérito Internacional Independente das Nações Unidas em seu relatório mais recente.
"As estipulações de resoluções relevantes do Conselho de Segurança (da ONU)... continuam sendo amplamente ignoradas e tampouco foram implementadas", diz o documento. "Crimes contra a humanidade continuam a ser cometidos por forças do governo e pelo Estado Islâmico. Os crimes de guerra são excessivos".
O inquérito da ONU, composto por especialistas independentes, vem denunciando há tempos a prática de causar fome, empregada pelos dois lados do conflito sírio como arma de guerra, e tem uma lista confidencial de possíveis criminosos de guerra e unidades militares de todos os lados que é mantida em um cofre da ONU em Genebra.
O relatório diz que os bombardeios aéreos de russos e sírios causaram o deslocamento de dezenas de milhares de homens, mulheres e crianças.
O presidente da comissão, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, afirmou aos repórteres presentes na sede da ONU que nenhuma das partes em guerra respeita a lei humanitária internacional, e acrescentou que a comissão continua sendo proibida de entrar na Síria.
Falando na mesma conferência, o também membro da comissão Vitit Muntharborn disse que o organismo também investiga alegações de uso de armas químicas por parte de diferentes participantes do conflito, incluindo supostos ataques com gás cloro e gás mostarda.
"O fraturado Estado sírio está à beira do colapso", afirmou a comissão no relatório de 31 páginas. "É preciso pôr fim aos ataques indiscriminados e desproporcionais contra a população civil".