Por Asif Shahzad
ISLAMABAD (Reuters) - A ameaça do Paquistão de expulsar à força imigrantes afegãos ilegais é "inaceitável", disse nesta quarta-feira um porta-voz da administração do Taliban em Cabul, acrescentando que os afegãos não são culpados pelos problemas de segurança do vizinho.
Estimando que havia 1,73 milhão de imigrantes afegãos vivendo no Paquistão sem qualquer status legal, o governo interino do Paquistão estabeleceu na terça-feira um prazo até 1º de novembro para que eles deixem o país ou enfrentem a expulsão forçada.
"O comportamento do Paquistão em relação aos refugiados afegãos é inaceitável", disse Zabihullah Mujahid, porta-voz da administração do Taliban em Cabul, em uma publicação na plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter.
Para ajudar a justificar a repressão, o ministro do Interior do Paquistão, Sarfraz Bugti, alegou que cidadãos afegãos haviam realizado 14 dos 24 atentados suicidas no país neste ano.
O porta-voz do Taliban rejeitou a alegação.
"O lado paquistanês deve reconsiderar seu plano. Os refugiados afegãos não estão envolvidos nos problemas de segurança do Paquistão", disse Mujahid.
O ultimato do Paquistão aos imigrantes, a maioria dos quais vive no país há anos, veio após uma reunião de líderes civis e militares para analisar a situação da lei e da ordem após dois atentados suicidas na sexta-feira que mataram pelo menos 57 pessoas. Bugti disse que um dos homens-bomba era um cidadão afegão e também acusou a agência de inteligência da Índia de envolvimento.
As relações entre o Taliban e o governo paquistanês têm se deteriorado de forma acentuada, com confrontos na fronteira que fecharam temporariamente a principal rota comercial entre os vizinhos no mês passado.
Islamabad alega que militantes usam o território afegão para treinar combatentes e planejar ataques dentro do Paquistão. O Taliban nega essas acusações, dizendo que os problemas de segurança do Paquistão são de origem interna.