Por Hamid Shalizi
CABUL (Reuters) - Militantes do Taliban no Afeganistão refutaram nesta segunda-feira um pacto feito por candidatos presidenciais rivais nas eleições, pelo qual formaram um governo de unidade nacional, dizendo que o acordo era uma "fraude" orquestrada pelos Estados Unidos. O grupo prometeu continuar em guerra contra o regime.
O ex-ministro das Finanças Ashraf Ghani foi nomeado presidente-eleito no domingo, após ter assinado um acordo para compartilhar o poder com seu oponente, o ex-ministro das Relações Exteriores Abdullah Abdullah, encerrando meses de tumultos que desestabilizaram o país num momento em que a maior parte das tropas estrangeiras se preparam para ir embora.
A administração de Ghani deve não apenas forjar um governo efetivo após muito antagonismo, especialmente por dúvidas sobre quanto tempo o pacto irá durar, mas também lidar com a fortalecida insurgência do Taliban.
Ghani deve realizar sua primeira coletiva de imprensa nesta segunda-feira.
O Taliban tem lutado contra forças estrangeiras lideradas pelo EUA. Seu porta-voz, Zabihullah Mujahid, rejeitou o pacto de governo de união, dizendo ser uma ação inaceitável orquestrada pelo inimigo.
"Instalar Ashraf Ghani e formar uma administração de mentira nunca será aceitável para os afegãos", disse Mujahid em um comunicado enviado a jornalistas por email.
"Os norte-americanos têm de entender que nosso solo e nossa terra pertencem a nós, e todas as decisões e acordos são feitos por afegãos, não pelo secretário de Estado dos EUA ou por um embaixador", disse ele.
"Nós rejeitamos esse processo americano e prometemos continuar nossa jihad até que libertemos nossa nação da ocupação e até criarmos o caminho para um governo puramente islâmico."
O Taliban governou o Afeganistão com uma interpretação extrema da lei islâmica, a sharia, durante cinco anos, até ser deposto em 2001 com o apoio norte-americano por ter abrigado líderes da al Qaeda após os ataques de 11 de Setembro de 2001 nos EUA.
Quase 13 anos depois, os EUA e o ex-presidente Hamid Karzai separadamente tentaram iniciar conversas de paz com o grupo remanescente, mas houve pouco progresso.
Ghani deve tomar posse como presidente em 29 de setembro, de acordo com um representante sênior do governo.