CABUL (Reuters) - O Taliban disse nesta sexta-feira que está pronto para retomar as conversas de paz com os Estados Unidos, um dia depois de o presidente Donald Trump fazer uma visita surpresa a tropas norte-americanas no Afeganistão e dizer que acredita que o grupo radical concordaria com um cessar-fogo.
A visita do Dia de Ação de Graças de Trump foi sua primeira ao Afeganistão desde que se tornou presidente, e aconteceu uma semana depois de uma troca de prisioneiros entre EUA e Afeganistão que despertou esperanças em um acordo de paz que se busca há tempos para encerrar a guerra de 18 anos.
"O Taliban quer fazer um acordo, e vamos nos encontrar com eles", disse Trump a repórteres após chegar ao Afeganistão na quinta-feira.
"Dizemos que tem que ser um cessar-fogo, e eles não queriam fazer um cessar-fogo e agora querem fazer um cessar-fogo, creio. Provavelmente dará certo assim".
Líderes do Taliban disseram à Reuters que o grupo vem realizando encontros com autoridades de alto escalão dos EUA em Doha desde a semana passada, acrescentando que em breve pode retomar conversas de paz formais.
Ainda nesta sexta-feira, Zabihullah Mujahid, porta-voz do grupo islâmico insurgente, disse que este está "pronto para reiniciar as conversas", que fracassaram porque Trump as cancelou meses atrás.
"Nossa postura ainda é a mesma. Se as conversas de paz começarem, será do estágio em que pararam", disse Mujahid à Reuters.
Trump cancelou as negociações de paz em setembro depois que o grupo militante assumiu a responsabilidade por um ataque em Cabul que matou 12 pessoas, incluindo um soldado norte-americano.
"Estamos torcendo para que a visita de Trump ao Afeganistão prove que ele realmente quer recomeçar as conversas. Não achamos que ele não tem muita escolha", disse um comandante destacado do Taliban, pedindo anonimato.
Atualmente existem cerca de 13 mil forças norte-americanas, além de milhares de soldados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), no Afeganistão 18 anos depois de uma invasão de uma coalizão liderada por Washington na esteira dos ataques de 11 de setembro de 2001 da Al Qaeda nos EUA.
Cerca de 2.400 efetivos morreram no decurso do conflito afegão.
Um esboço de acordo acertado em setembro resultaria na retirada de milhares de tropas dos EUA em troca de garantias de que o Afeganistão não será usado como base para ataques de militantes contra os EUA ou seus aliados.
(Por Abdul Qadir Sediqi, Humeyra Pamuk e Idrees Ali)