MILÃO (Reuters) - Giorgia Meloni é a primeira mulher a ser primeira-ministra da Itália, mas está optando por se referir a si mesma usando a forma masculina em seu novo título, provocando um debate sobre questões de empoderamento feminino e sobre o "politicamente correto".
Em italiano, os títulos podem assumir uma forma masculina ou feminina e o nome formal de "Presidente del Consiglio" de Meloni foi precedido pelo artigo masculino "il", em vez do feminino "la", na primeira declaração emitida por seu escritório no domingo.
Uma carta de Meloni lida no Parlamento nesta segunda-feira fez o mesmo.
Embora pioneira para as mulheres na política italiana, Meloni lidera um partido de extrema-direita e não é conhecida como feminista: ela se opõe às cotas femininas em conselhos empresariais e no Parlamento, argumentando que as mulheres devem chegar ao topo por mérito, e indicou apenas seis mulheres para seu gabinete de 24 nomes na sexta-feira.
A escolha do artigo definido foi criticada pelo Usigrai, principal sindicato da emissora estatal RAI, e por Laura Boldrini, deputada feminista de centro-esquerda e ex-presidente da Câmara dos Deputados que sempre foi conhecida como "la presidente" no cargo.
A Accademia della Crusca, guardiã da língua italiana, disse que usar o feminino para cargos ocupados por mulheres é a escolha gramaticalmente correta.
No entanto, quem preferir usar a forma masculina tradicional, por razões ideológicas ou geracionais, tem todo o direito de fazê-lo, disse seu presidente Claudio Marazzini à agência de notícias italiana Adnkronos.
(Reportagem de Federico Maccioni)