RIO DE JANEIRO (Reuters) - Trabalhadores que atuam em obras pesadas no Rio de Janeiro, muitas delas ligadas aos Jogos Olímpicos de 2016, iniciaram uma greve por melhores salários nesta segunda-feira, sem prejuízo por enquanto ao cronograma do evento, de acordo com o sindicato.
Os operários do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada Intermunicipal do Rio de Janeiro (Sitraicp) ficarão de braços cruzados até a próxima sexta-feira, quando acontecerá uma audiência de conciliação.
"Por enquanto não afeta a entrega das obras e esperamos um acordo na sexta-feira. Se não houver, aí sim faremos uma paralisação por tempo indeterminado", disse à Reuters o presidente do sindicato, Nilson Duarte. "Se houver uma paralisação por mais tempo, 10, 15 dias, aí sim pode haver algum prejuízo."
A greve afeta obras ligadas diretamente aos Jogos Olímpicos, como Engenhão e Parque Olímpico de Deodoro, e obras de infraestrutura para o evento, como expansão do metrô e corredores de ônibus Transbrasil e Transolímpica.
O Sitraicp reivindica aumento salarial de 8,5 por cento e reajuste na cesta básica de 40 reais, mas os patrões, segundo o sindicato, acenam com aumento de 7,3 por cento.
As negociações com as construtoras começaram em fevereiro, mas diante da crise econômica, as empresas não cederam à demanda inicial da categoria de 15 por cento, afirmou Duarte.
"O argumento deles é a situação econômica difícil do país e a questão deles na Lava Jato. Nós estamos fora e não temos nada a ver com isso. Somos trabalhadores e queremos aumento", disse ele, sobre as investigações que envolvem corrupção na Petrobras.
De acordo com o sindicato, a adesão ao movimento foi de 70 por cento no primeiro dia, sendo que a categoria reúne cerca de 12 mil filiados no Rio. A previsão é que até sexta-feira ocorram protestos e piquetes na porta das obras afetadas pela greve.
Segundo o consórcio Rio Mais, responsável por obras de 2016, a greve não impactou a construção do Parque Olímpico, na zona oeste da cidade, porque os operários do local são vinculados ao sindicato da construção leve. O comitê organizador dos Jogos não quis se pronunciar.
Essa não é a primeira vez que obras olímpicas são afetadas por greves. Em abril do ano passado, trabalhadores do Parque Olímpico ficaram parados por duas semanas. Eles reivindicavam aumento de benefícios e prêmios.
(Por Rodrigo Viga Gaier)