Por Dania Nadeem e Manas Mishra
(Reuters) - Surtos do novo coronavírus em ambientes de trabalho nos Estados Unidos atingiram desproporcionalmente pessoas hispânicas e não brancas, de acordo com uma análise de dados do Estado norte-americano de Utah feita pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.
De acordo com o estudo, trabalhadores dessas comunidades representaram 73% dos casos de Covid-19 associados com locais de trabalho entre 6 de março e 5 de junho, embora apenas 24% da força de trabalho de Utah em todos os setores afetados se identifique como hispânica, latina ou uma outra raça diferente de brancos não hispânicos.
Os surtos associados a locais de trabalho do novo coronavírus representaram 76% de todos os surtos em Utah, e quase metade deles ocorreu em setores como indústria, construção e comércio atacadista.
A disparidade no número de casos pode ser resultado de uma elevada representação de trabalhadores não brancos e hispânicos em profissões consideradas como "linha de frente", para quem o risco das infecções por Covid-19 é maior, disseram os pesquisadores.
Além disso, esses trabalhadores têm horas de trabalho menos flexíveis e menos opções de trabalho remoto se comparados aos trabalhadores que são brancos, acrescentaram os pesquisadores.
Os pesquisadores alertaram que sua análise pode não representar todos os surtos relacionados a locais de trabalho em Utah, já que ocorrências de casos em casas de repousos de idosos, centros de detenção e ambientes educacionais foram excluídas.
Apesar das limitações, pesquisadores dizem que a análise mostra que empregadores e departamentos de Saúde precisam providenciar estratégias de mitigação que atinjam grupos de minorias étnicas ou raciais.
(Reportagem de Dania Nadeem e Manas Mishra, em Bengaluru)