Por Jeff Mason e William James e Robin Emmott
BRUXELAS (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comemorou uma vitória pessoal conquistada durante uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nesta quinta-feira, dizendo que os aliados aumentaram consideravelmente seus compromissos com os gastos de defesa depois que ele provocou uma crise com sua repreensão a líderes europeus.
"Eu disse às pessoas que ficaria muito infeliz se elas não aumentassem seus compromissos", disse um Trump radiante a repórteres após o segundo dia da reunião em Bruxelas, durante o qual líderes da Otan se aproximaram do presidente norte-americano para tentar resolver a crise.
"Eu demonstrei a eles que estava extremamente infeliz", disse, mas acrescentando que as conversas terminaram nos melhores termos: "Tudo se encaixou no final. Foi um pouco duro durante um certo tempo".
Autoridades presentes à reunião disseram que Trump chocou muitos dos presentes e rompeu com o protocolo diplomático se dirigindo à chanceler alemã, Angela Merkel, pelo primeiro nome, dizendo: "Angela, você precisa fazer algo a respeito disso".
A maioria das autoridades e os líderes convidados do Afeganistão e da Geórgia, que não são filiados à Otan, foram escoltados para fora do recinto.
Outros na sala, como o presidente da Lituânia, cujo país é um dos mais receosos com as ambições russas, negaram uma insinuação de que Trump ameaçou sair da aliança.
Quando indagado sobre isso, Trump disse acreditar que poderia fazê-lo sem aprovação do Congresso, mas que "não é necessário".
Ao invés disso, afirmou, os outros 28 aliados concordaram em aumentar seus gastos com a defesa mais rapidamente para cumprir a meta da própria Otan, dois por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de cada membro, em alguns anos. O compromisso atual é chegar a dois por cento até 2024, mas com termos condicionais que permitiriam a alguns adiar este prazo para 2030.
Trump enfatizou que o orçamento da Otan tem sido injusto com os EUA, mas que agora tem certeza de que será justo. Os aliados elevarão os gastos em 33 bilhões de dólares ou mais, acrescentou.
Ele também disse que gastos com defesa da ordem de quatro por cento -- semelhantes aos do nível norte-americano – seriam o correto.
"Temos uma Otan muito poderosa, muito forte, muito mais forte do que era alguns dias atrás", disse. Citando o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, ele disse: "O secretário Stoltenberg nos dá todo o crédito, quer dizer a mim, acho, neste caso, todo o crédito. Porque eu disse que era injusto".
Além de Merkel, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e o premiê belga, Charles Michel, foram destacados por Trump por ficarem aquém da meta de gastos.
(Reportagem adicional de Alissa de Carbonnel e Humeyra Pamuk, em Bruxelas, e John Walcott, em Washington)